Picos repentinos de ondas de rádio do espaço profundo continuam chegando nos radiotelescópios na Terra, confundindo os detectores desses instrumentos com dados malucos. E agora, os astrônomos estão usando a inteligência artificial para identificar a fonte dos picos, na esperança de explicar o que os está enviando para a Terra a partir de – os cientistas suspeitam – bilhões de anos-luz através do espaço.
Normalmente, esses sinais estranhos e inexplicáveis são detectados somente depois do fato, quando os astrônomos percebem picos fora de lugar em seus dados – às vezes anos após o incidente. Os sinais têm estruturas complexas e misteriosas, padrões de picos e vales em ondas de rádio que se reproduzem em apenas milissegundos. Esse não é o tipo de sinal que os astrônomos esperam vir de uma simples explosão, ou qualquer outro dos eventos padrões conhecidos por espalhar picos de energia eletromagnética pelo espaço.
Os astrônomos chamam esses sinais estranhos de rajadas de rádio rápidas (FRBs). Desde que o primeiro foi descoberto em 2007, usando dados registrados em 2001, tem havido um esforço contínuo para determinar sua fonte. Mas os FRBs chegam em locais e horários aleatórios, e a tecnologia humana existente e os métodos de observação não estão bem preparados para detectar esses sinais.
Agora, em um artigo publicado na revista Monthly Notices, da Royal Astronomical Society, uma equipe de astrônomos escreveu que eles conseguiram detectar cinco FRBs em tempo real usando um único radiotelescópio.
Caçadores de explosões
Wael Farah, estudante de doutorado da Universidade de Tecnologia de Swinburne, em Melbourne, Austrália, desenvolveu um sistema de aprendizado de máquina que reconheceu as assinaturas de FRBs quando chegaram ao Observatório de Rádio Molonglo da Universidade de Sydney, perto de Canberra. Muitos instrumentos científicos, incluindo radiotelescópios, produzem mais dados por segundo do que podem armazenar. Então eles não gravam nada nos mínimos detalhes, exceto suas observações mais interessantes.
O sistema de Farah treinou o telescópio Molonglo para detectar FRBs e passar para o modo de gravação mais detalhado, produzindo os melhores registros de FRBs até o momento.
Com base em seus dados, os pesquisadores previram que entre 59 e 157 FRBs teoricamente detectáveis se espalham pelos nossos céus todos os dias. Os cientistas também usaram as detecções imediatas para caçar explosões relacionadas em dados de radiografias, ópticas e outros radiotelescópios – na esperança de encontrar algum evento visível ligado aos FRBs – mas não tiveram sorte.
Sua pesquisa mostrou, no entanto, que um dos traços mais peculiares (e frustrantes, para fins de pesquisa) de FRBs parece ser real: os sinais, uma vez chegando, nunca se repetem. Cada um parece ser um evento singular no espaço que nunca mais acontecerá. Mas o que é permanece um mistério, e os cientistas não tem nem ideia do que possa ser.
Discussion about this post