Órgãos sanitários do município de Salvaterra, no Pará, visitaram a comunidade quilombola de Providencia, na Ilha do Marajó, para investigar o despejo irregular de agrotóxico em uma plantação de arroz que fica dentro da comunidade, anteontem, 04 de março. O despejo provocou intoxicação em vários moradores e uma das principais lideranças da comunidade precisou ser levada ao hospital, segundo denúncia a Ong Terra de Direitos..
De acordo com a entidade, moradores afirmam não ser a primeira vez que a pulverização de agrotóxico atinge diretamente a comunidade. Uma moradora que precisou socorrer o tio – importante liderança do quilombo -, por meio de um vídeo, pede socorro às autoridades.
“ A gente pede às autoridades, pelo amor de Deus, parem de ficar do lado desse homem e nos ajudem, a gente não tem mais pra onde correr” implora a quilombola. Outra liderança relata que a situação foi angustiante, e ela teve que se deslocar até a fazenda para tentar interromper o processo de despejo.
“Foi um desespero, um cheiro insuportável. Até os meninos que estavam jogando bola, precisaram deixar o campo. E mesmo eu sendo da linha de frente, precisei tomar coragem e ir lá pedir para pararem de jogar, todos estavam passando mal aqui” conta.
Continua a Terra de Direitos: ” A fazenda de arroz está sobreposta a comunidade desde 2022, e pertence ao fazendeiro José Marques e o filho, Joabe. Desde então, além de parte do território ter sido tomado dos quilombolas e transformado em uma extensa plantação de arroz, os moradores sofrem retaliações e ameaças, sendo impedidos de plantar e criar pequenos animais como, porcos. Isso porque, o fazendeiro manda matar as criações.
A comunidade já entrou com pedido de reintegração de posse e retirada do fazendeiro do território. As queixas foram incluídas em um processo judicial atualmente em curso na Vara Agrária de Castanhal.
O caso está sendo acompanhado pela Coordenação de Articulação da Malungu e pela organização Terra de Direitos, para que providências sejam tomadas, e que a prática do despejo de agrotóxico seja inibida na localidade.