O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai passar por um novo procedimento médico nesta quinta-feira, 12, para impedir o fluxo de sangue em uma região do cérebro. A intervenção busca impedir novos sangramentos como o que o obrigou a ser internado em São Paulo desde a segunda-feira, 9.
O presidente vai passar por um procedimento endovascular. Segundo os médicos que acompanham o presidente, a intervenção faz parte da “programação terapêutica”. O procedimento médico será a embolização de artéria meníngea média, que pretende remover o sangue que se acumula entre o cérebro e a camada protetora de tecido encefálico.
Roberto Kalil Filho, médico particular do presidente Lula, afirmou que a cirurgia é “relativamente simples” e deve durar menos de uma hora. Segundo Kalil, a decisão para a realização da embolização surgiu como um “protocolo e complemento” da primeira cirurgia.
“Já estava sendo discutido, como complemento ao procedimento cirúrgico, esse tipo de embolização, que é um tipo de cateterismo, que ele vai embolizar a chamada artéria meníngea. Por quê? Porque quando você drena o hematoma, existe uma pequena possibilidade de, no futuro, as pequenas artérias da meninge ainda causarem um pequeno sangramento”, disse Kalil.
Segundo o boletim médico do presidente, divulgado às 16 horas desta quarta-feira, 11, pelos médicos do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, Lula permanece sob cuidados intensivos. “Passou o dia bem, sem intercorrências, realizou fisioterapia, caminhou e recebeu visitas de familiares”.
O hospital onde o presidente está internado afirmou que outras atualizações sobre o estado de saúde do chefe do Executivo serão dadas na quinta-feira às 10h. “Presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece sob cuidados intensivos no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo”, diz o texto. “O presidente segue sob acompanhamento da equipe médica, sob os cuidados do Prof. Dr. Roberto Kalil Filho e da Dra. Ana Helena Germoglio.
A cirurgia
O médico Lucas Scotta Cabral, neurorradiologista intervencionista do Hospital Moinhos de Vento, explica que o procedimento é feito por imagem e pode ocorrer mediante sedação ou anestesia geral:
— Se faz um furinho na virilha ou no punho, leva um cateter até a artéria da meninge e depois injeta um líquido, que pode ser um polímero ou uma colinha, que bloqueia a circulação do sangue naquele lugar.
Cabral ressalta que estudos científicos recentes de alta qualidade comprovam a eficácia e a segurança desse tratamento e que o risco de complicações é bastante reduzido.
Na mesma linha, o médico Paulo Worm, chefe do serviço de neurocirurgia da Santa Casa de Porto Alegre, diz que o procedimento ao qual o presidente será submetido mostrou-se muito eficaz recentemente para evitar a recorrência do hematoma subdural crônico.
Worm explica que o objetivo da intervenção é obstruir a artéria para evitar a formação de novos hematomas.
— Esse tratamento não indica mudança, piora no quadro ou recorrência do hematoma. É um tratamento complementar justamente para que não recorra esse hematoma — diz Worm, que também é professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
A equipe médica que atende Lula planejava comunicar o procedimento apenas na quinta-feira, mas o presidente e a primeira-dama Janja da Silva solicitaram que a informação fosse incluída no boletim médico desta quarta.
Na noite desta segunda-feira, 9, Lula sentiu dores de cabeça e foi até a unidade de Brasília do Sírio Libanês para fazer exames. Um sangramento cerebral foi constatado, e Lula foi transferido de avião para a unidade de São Paulo, que é mais equipada. O presidente passou por uma cirurgia na madrugada de segunda para terça-feira, 9 e 10. A expectativa é que ele volte para Brasília na próxima semana.
Lula tem 79 anos, completos em outubro deste ano. Há pouco mais de um ano, em setembro de 2023, o presidente fez uma artroplastia total do quadril direito – uma cirurgia para substituir, por uma prótese, a cartilagem desgastada naquela região do corpo.
Em março do ano passado, o presidente também cancelou uma viagem internacional devido a problemas de saúde. Na ocasião, ele foi diagnosticado com pneumonia leve e adiou sua visita à China, que ocorreu meses depois. Quando o cancelamento foi anunciado, ministros, diplomatas e uma delegação de 120 empresários do agronegócio já aguardavam o presidente em Pequim.