Enquanto Putin e suas tropas invadem e bombardeiam a Ucrânia, no oeste do Pará – mais precisamente nas áreas garimpeiras e de floresta entre os municípios de Itaituba e Novo Progresso – uma outra guerra continua a todo vapor, não coberta pela mídia na Amazônia.
É a repressão federal sobre garimpos ilegais, que tem registrado incêndios, tiros, revolta e protesto de famílias contra as ações do Ibama e agentes policiaisna região. Em vídeos enviados ao Ver-o-Fato, denunciantes apontam que as ações acabam favorecendo grandes empresas de mineração, algumas estrangeiras, que entram nos garimpos até então tidos como ilegais e passam a explorá-los normalmente.
“Olha o que a desgraça do Ibama está fazendo aqui”, diz um garimpeiro ao contemplar o trator ardendo em chamas. Sem água para apagar o fogo, ele joga areia sobre o trator, o que pouco adianta. Em outro vídeo, famílias deixam às pressas um barraco incendiado, enquanto se ouve o choro de uma criança e uma voz de homem, afirmando que são “covardes”.
Segundo essas denúncias, os mais favorecidos pela repressão à extração ilegal nos garimpos seriam mineradoras que estariam fazendo extração de ouro nas áreas conhecidas por São Domingos, São Chico, Água Branca e Crepurizinho, de onde foram retirados garimpeiros que tiveram máquinas e casas destruídas.
O que está atraindo para a região muitas mineradoras é a extensão do linhão de Tucuruí, a partir da localidade Cachoeira da Serra até o Tocantinzinho. “Há muitas mineradoras estrangeiras que estão nesse negócio e que serão beneficiadas pelo linhão que já se estende pela rodovia BR-163, passando por cima de propriedades. Elas ficarão ainda mais ricas, levando o ouro brasileiro para fora do país”, desabafa um morador.
No caso da derrubada das florestas da região para a extração ilegal de madeira, completa outro morador, isso nunca parou. “O pessoal do Ibama e do governo federal só quer saber agora de perseguir garimpeiros. Deixaram de lado os madeireiros ilegais. E muitas árvores são derrubadas todos os dias. Tem madeireiro derrubando 2 mil, 3 mil alqueires, uma devastação grande, mas o Ibama nada faz”, acusa.
Quando esses ataques vão parar? Com a palavra, as autoridades.
Veja as imagens dos incêndios: