O grande jornalista e escritor Nelson Rodrigues, que desvendou como ninguém a alma do povo brasileiro, certamente deve estar dando pulos de alegria onde estiver, no plano superior, ao ver que as coisas que ele escreveu sobre seu povo estão mais vivas do que nunca
Os ataques do bilionário e dono do ex-Twitter, hoje X, Elon Musk, contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que implantou a censura nas redes sociais no país, viraram uma série de memes na Internet, demonstrando que o brasileiro perde a pose, mas não perde a piada.
Um antigo conhecido dos usuários da plataforma, o meme do ex-jogador de futebol Vampeta, que usa uma foto do jogador em um ensaio nu, surgiu repetidamente, no que parece o início de mais um famoso “vampetaço”. Está viralizado.
Outros usuários vibram com as declarações de Elon Musk e consideram que ele está protegendo a liberdade de expressão. Há também quem esteja na torcida para que Alexandre de Moraes ganhe essa disputa, e o elegem como “guardião da democracia”.
Há quem dissesse que está é a “batalha final”, em referência ao longo histórico de perfis banidos do X, como o do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Houve ainda quem questionasse a falta de transparência de outras medidas da rede, especialmente após a fala em defesa da liberdade de expressão feita pelo do dono da plataforma. Outros fizeram referência aos “robôs” na rede social de Musk.
Enfim, dá de tudo, sobretudo em matéria de gozação com a briga entre Musk e Moraes, que chega a aparece em uma postagem como Darth Vader.
Definições de Nelson Rodrigues sobre o brasileiro
O Brasileiro é o homem das ruas, dos subúrbios, que tem sentimentos, que “vive de verdade e ferozmente”. Vale ressaltar que uma certa repressão aos desejos básicos é necessária, segundo Nelson, para se criar civilização. A ordem social precisaria de “virtudes médias”.
A hipocrisia é a outra face da moeda da humildade. Há um medo de enfrentar a verdade no Brasil. O brasileiro quer adotar ideologias, religiões e mitos para sobreviver. Uma das maiores destas falsificações é a “pureza” da família brasileira. Esta é atravessada por incestos, infidelidades e perversões, porém quer sempre manter uma “santidade” no espaço da casa, a qual procura disseminar para as outras esferas. É neste ambiente de falsidade que surge a figura do “crápula”.
O melhor exemplo está no Dr. Bergamini em Asfalto Selvagem, uma das peças de Nelson Rodrigues, definindo o brasileiro. Este Bergamini é uma “fábrica de virgens”. Ele explica seu oficio de fazer abortos e restaurar hímens dizendo que sua filha se matou porque dera ” um mau passo”. Agora, ele faz o que gostaria que tivessem feito com a sua filha. Ele desejaria que sua filha tivesse achado um “crápula igual a mim”.
O crápula é funcional em uma sociedade tão hipócrita. Ele mantém as aparências. É usado por ricos e poderosos para silenciar os “subalternos” como o Dr. Werneck de Bonitinha, mas Ordinária, que patrocina um estupro de meninas, mas depois promete para a irmã mais velha que irá devolvê-las virgens, já que ele conhece um médico que ganha a vida “restaurando virgindades”.
Também temos, no homem médio brasileiro, segundo Nelson Rodrigues, o famoso “complexo de vira-latas”. Ele originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela seleção uruguaia de futebol na final da Copa do Mundo, em pleno Maracanã. O brasileiro dizia que nunca venceríamos uma Copa do Mundo. Ganhamos quatro, as de 58, 62, 70, 94 e 2002, mas a frase ‘complexo de vira-lata” colou no brasileiro e até hoje não desgruda dele.