A conduta de alguns influenciadores digitais, que utilizam suas plataformas para práticas ilegais e imorais vem se tornando uma preocupação crescente no Brasil. A influência digital, que poderia ser uma ferramenta para educar, inspirar e entreter, em certos casos, transforma-se em um veículo para a disseminação de comportamentos prejudiciais e até mesmo criminosos.
Um caso emblemático ocorreu ontem, 15, em Fortaleza (CE), onde uma influenciadora digital e seu namorado foram presos por suspeita de venda de drogas através das redes sociais. Esse episódio destaca uma faceta sombria do poder da influência online. Andréa Mayara Oliveira de Souza, 28 anos, e Vanildson Brandão dos Santos, 18 anos, foram capturados em Fortaleza, especificamente no bairro Itaoca.
Eles são acusados de comercializar substâncias ilícitas, como maconha e cocaína, utilizando o perfil da influenciadora, que contava com mais de 22 mil seguidores, para anunciar e vender os produtos.
A dinâmica de venda era alarmantemente sofisticada, aproveitando-se da facilidade de comunicação e do alcance oferecido pelas redes sociais. Os interessados nas drogas viam os anúncios no perfil da influenciadora e acionavam um serviço de entrega por aplicativo para recebê-las, um método que camufla a ilegalidade das transações sob a aparência de uma operação comercial digital convencional.
Apreensões do crime
Durante a operação que levou à prisão do casal, foram apreendidos 552 gramas de maconha, oito gramas de cocaína, além de dinheiro em espécie, balanças de precisão e sacos plásticos, evidenciando a gravidade e a escala do negócio ilegal. Os produtos comercializados incluíam itens como brownies de maconha e cigarros da mesma substância, e a influenciadora frequentemente postava vídeos utilizando esses produtos, promovendo e normalizando o consumo de drogas entre seus seguidores.
Este caso não é um incidente isolado, mas sim um reflexo de uma tendência preocupante em que indivíduos com acesso a plataformas de grande alcance optam por usar esse poder de maneira destrutiva. Além do impacto imediato na saúde e segurança das pessoas envolvidas, essas ações corroem a confiança no ambiente digital e mancham o conceito de influência online, que tem o potencial de ser uma força para o bem.
A responsabilidade dos influenciadores digitais é imensa, e casos como o de Fortaleza servem como um lembrete sombrio da necessidade de vigilância, regulamentação e educação digital para prevenir que as redes sociais se tornem veículos para atividades ilícitas.
É fundamental que haja uma conscientização sobre o impacto das ações online, bem como um esforço conjunto entre a sociedade, as autoridades e as próprias plataformas de mídia social para identificar, prevenir e punir os abusos perpetrados sob o manto da influência digital.
O que fazer, como agir?
Ao se deparar com influenciadores digitais praticando atividades criminosas, como a apologia às drogas, venda de entorpecentes, ou defendendo criminosos contumazes nas redes sociais, é crucial tomar medidas responsáveis e eficazes para contribuir com a segurança da comunidade online e a aplicação da lei. Aqui estão algumas ações recomendadas:
1. Não Interagir ou Promover
Evite curtir, compartilhar, comentar ou de qualquer forma interagir com o conteúdo ilegal. Interagir pode não apenas aumentar a visibilidade dessas atividades, mas em alguns casos, pode implicar em cumplicidade ou apoio às práticas ilícitas.
2. Denunciar às Plataformas de Redes Sociais
Todas as principais plataformas de mídia social têm mecanismos para denunciar conteúdo inapropriado, incluindo atividades ilegais:
- Use a função de denúncia disponível em cada postagem para sinalizar o conteúdo às equipes de segurança da plataforma.
- Siga as instruções específicas da plataforma para completar a denúncia, detalhando o motivo (por exemplo, venda de drogas, apologia ao crime).
3. Informar às Autoridades
Se o conteúdo for particularmente grave ou se houver evidências claras de atividades criminosas, é aconselhável reportar o caso às autoridades competentes:
- No Brasil, órgãos como a Polícia Federal e a Polícia Civil podem ser contatados. Muitas unidades têm delegacias especializadas em crimes cibernéticos.
- Utilize canais oficiais (sites, telefones de contato) para informar sobre o crime, fornecendo todas as informações possíveis, como links, capturas de tela e detalhes do influenciador.
4. Educar e Conscientizar
Promova a conscientização sobre os perigos e as consequências legais associadas ao consumo e à venda de drogas, bem como à apologia de crimes nas redes sociais:
- Engaje-se ou apoie campanhas educacionais sobre o uso seguro da internet e as responsabilidades dos influenciadores digitais.
- Incentive discussões saudáveis sobre o impacto negativo que tais influenciadores podem ter sobre seus seguidores e a sociedade em geral.
5. Proteger-se Online
Mantenha sua segurança online:
- Evite fornecer informações pessoais ou financeiras a desconhecidos ou em plataformas duvidosas.
- Utilize configurações de privacidade nas suas contas de redes sociais para controlar quem pode ver suas publicações e interagir com você.
Conclusão
A presença de influenciadores digitais promovendo atividades ilegais é um desafio complexo, que exige uma resposta coletiva e multifacetada. Denunciar essas atividades é um passo crucial, mas promover a educação digital e a conscientização sobre os riscos associados a essas práticas é igualmente importante para prevenir futuras ocorrências e proteger a integridade do espaço digital.