Cerca de dez mil postos de trabalho temporários podem ser criados no mês de julho, no Pará, pelo setor de hospedagem e alimentação fora do lar. A concretização destes números depende dos planejamentos do estado e dos municípios para o enfrentamento da pandemia de covid-19. Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHBRS-PA) que traçou as expectativas do setor de para a alta temporada de veraneio.
Estão nestas projeções camareiras, atendentes, recepcionistas, lavadeiras, garçons, cozinheiras, auxiliares de cozinha e outras categorias que o setor abrange. “Esta pesquisa faz parte de um estudo que o sindicato vem traçando para mostrar a importância e a força do setor na economia. O turismo é um dos mais prejudicados pela pandemia de covid-19 e isso só vai melhorar quando toda a população for vacinada contra o coronavírus. Isso é fato, todo mundo sabe que o país só voltará a crescer com a população imunizada”, destacou Fernando Soares, assessor jurídico da entidade.
Para chegar a essa projeção de possibilidade de quase dez mil postos de trabalho temporários este mês, o sindicato levantou os números do período nos últimos quatro anos. “Em julho do ano passado, quando as medidas de enfrentamento estavam mais rigorosas, e só houve alguma flexibilização na segunda quinzena, o setor de hospedagem e alimentação fora do lar chegou a contratar 9.645 trabalhadores. Mas naquele mês, 10.397 foram desligados. Ou seja, além dos temporários até quem era efetivado também foi demitido devido a crise que o setor enfrenta”, destacou Soares.
“Agora estes números não entram para os dados oficiais porque a maioria foi sem carteira assinada ou contrato firmado. São trabalhadores que foram chamados, de última hora, para suprir uma demanda que naquele momento existia, mas que no mês seguinte não teve, portanto não havia como contratar ou manter aquele profissional – infelizmente!”, lamentou. “É isso que a gente precisa mostrar também quando se fala na crise do setor. A crise não se restringe ao faturamento, mas na perda de postos de trabalho”, frisou o assessor jurídico.
Taxas de ocupação
Pela primeira vez, em mais de 70 anos de existência, a entidade sindical não pesquisou as taxas de ocupação e índices de reservas nos meios de hospedagem associados, em razão do cenário pandêmico. Há localidades em que os estabelecimentos funcionam com apenas 50% da capacidade, outros com 70% e outros em que os associados ainda não decidiram se irão abrir para hóspedes este mês.
Atualmente, é grande a procura por pacotes entre os meios de hospedagens associados ao sindicato, no entanto a confirmação das reservas segue de forma tímida e abaixo do que é esperado pelos empresários. Em algumas localidades, ainda há dúvidas sobre riscos de fechamento do acesso de turistas, além do receio de uma mudança de bandeiramento se os casos de covid-19 vierem a aumentar nos próximos dias ou semanas.
É por isto que o sindicato diz que a geração de postos de trabalhos temporários depende principalmente das ações de enfrentamento ao coronavírus. Pelo cenário que se tem hoje, pode-se dizer que o período de estadia nos meios de hospedagens é de dois dias, em média.
Demissões, saldo negativo
Pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, no primeiro quadrimestre deste ano, os meses de março e abril foram os que registraram o maior número de demissões no setor de hospedagem e alimentação. Foi o período mais impactado pela segunda onda de casos de covid-19, que precisou de medidas restritivas mais severas, como o lockdown.
Em março, 1.154 trabalhadores foram demitidos e apenas 932 contratados, ficando um saldo negativo de 222 postos de trabalho. Já em abril de 2021, o total de demissões chegou a 763 e o de contratações 598, resultando na perda de 165 postos de trabalho.
“Lembrando que os dados são de trabalhadores com carteira assinada”, pontuou Fernando Soares. “Se está havendo demissões é porque não está havendo faturamento e lucro. A renda está deixando de ser gerada e, logo, não está circulando para movimentar a economia no estado”, sinalizou. Texto; Denilson Almeida.