Enquanto o Pará se prepara para sediar a COP-30, posicionando a Amazônia como o epicentro das discussões globais sobre sustentabilidade, o segundo mandato de Hélder Barbalho é marcado por uma crise interna que ameaça expor as fragilidades do estado no palco internacional. Educadores e servidores públicos acusam o governador de priorizar sua imagem global em detrimento da educação local, em um movimento descrito por muitos como uma “traição” e retrocesso.
O aumento suspeito dos índices do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) no Pará acendeu um debate inflamado sobre sua legitimidade. Educadores denunciam que os números foram manipulados para pintar um quadro de progresso inexistente, garantindo que o estado brilhe na COP-30.
“Esse IDEB milagroso é pura ficção. Não reflete a realidade das escolas, mas sim o marketing governamental”, critica uma professora que pediu anonimato.
A introdução de televisores nas salas de aula, propagandeada como um avanço tecnológico, também é alvo de críticas severas. Educadores denunciam que, sem a infraestrutura básica necessária, como energia elétrica confiável, quadros, cadeiras e materiais pedagógicos, as TVs não passam de “decoração disfuncional”.
Trabalho longo, salários menores
No front trabalhista, a insatisfação entre os professores é palpável. Aumento da jornada de trabalho sem compensação proporcional, redução salarial e a precarização das condições de trabalho têm alimentado protestos. A aprovação do projeto do governador pela Alepa foi uma aberração, sem falar na violência da PM.
“Trabalhamos mais, ganhamos menos, e lidamos com o abandono total das escolas, especialmente no interior do estado”, lamenta um professor da rede estadual.
Além disso, a revogação de leis que protegiam direitos dos servidores e a crescente contratação de profissionais sem concurso público ampliaram a instabilidade. O resultado? Um ambiente de trabalho marcado pelo assédio moral e pela incerteza.
Teatro da COP-30 e a realidade das escolas
Enquanto a elite política e ambiental mundial se prepara para debater o futuro da Amazônia, a realidade dentro das escolas paraenses oferece um contraste gritante. Estruturas físicas sucateadas, falta de saneamento básico, ausência de segurança e violência crescente contra professores pintam um quadro sombrio.
A tentativa do governo de esconder essas deficiências atrás de uma vitrine internacional é vista como uma afronta. “Sustentabilidade começa com investimento humano, e isso passa pela educação. O que vemos aqui é uma peça de teatro que ignora a realidade”, denuncia Pedro Almeida, historiador e especialista em políticas públicas.
2025 promete tempestades
Com sindicatos como o Sintepp prometendo intensificar a mobilização, greves e protestos já estão no horizonte. A pergunta que ecoa entre os paraenses é clara: o que Hélder Barbalho realmente prioriza? Qual será o legado da COP-30 para o Pará, além de discursos, pirotecnia midiática e promessas vazias?
Na corrida para impressionar o mundo, o Pará parece ter esquecido seu maior recurso: as pessoas que sustentam o futuro do estado. A conta desse espetáculo internacional pode acabar sendo paga com o sacrifício da educação, da dignidade dos profissionais e, no longo prazo, do próprio desenvolvimento do Pará.
Enfim, os Barbalho pensam nisso tudo ou apenas no próprio projeto de prolongamento familiar de poder, algo como ditadura disfarçada de viés democrático?