Trincheiras de guerra cavadas por tratores foi a resposta da empresa para isolar de vez os quilombolas e impedir o direito de ir e vir das comunidades no acesso ao rio Acará, distante cerca de 500 metros do acampamento. Vídeos enviados ao Ver-o-Fato exibem o resultado das escavações no entorno das plantações de dendê .
“Nós estamos isolados e cercados por todos os lados e nosso destino está nas mãos da Justiça”, disse José Joaquim Pimenta, presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombos da Comunidade da Balsa, Turiaçu, Gonçalves e Vila Palmares do Vale do Acará e um dos moradores da Vila Palmares, que lidera a retomada do território.
As trincheiras são um recado de que a Agropalma aposta no confronto e nos homens armados que guardam as terras na tentativa de impor medo e poder para tentar dissuadir os quilombolas de permanecer na área e transitar por ela para ter acesso ao rio Acará, deixando o local reivindicado pelas famílias. Os quilombolas, inclusive, procolocaram documentos no Instituto de Terras do Pará (Iterpa), mas que até hoje nada fez para resolver o problema.
Pelo conjunto da obra nas ações em favor da Agropalma, ignorando recomendações do MP e sob maquinações de pessoas que atuam dentro e fora do atual governo, o Iterpa passou a atuar como puxadinho de interesses políticos, abrindo mão até mesmo de escrúpulos na obediência às leis agrárias.
Tanto isso é verdade que o órgão é também réu nas ações em que o Ministério Público acusa a Agropalma de grilagem de terras em 106 mil hectares. A Polícia Federal também percebeu isso e realizou uma operação há 3 anos que ajudou a desvendar boa parte do esquema criminoso no inquérito que virou denúncia do MPF e ação penal da 4ª Vara da Justiça Federal.
A empresa paulista, pertencente ao grupo financeiro da banqueiro paulista Aloisio Faria, falecido ano passado, se declara proprietária de áreas que ela hoje ocupa apenas como posseira, pois os títulos fraudulentos das áreas foram cancelados por decisão do juiz da Vara Agrária de Castanhal, André Filo-Creão da Fonseca. Decisão ratificada pelo Tribunal de Justiça.
Veja o vídeo da trincheira: