O advogado criminalista Renan Farah orienta as vítimas a bloquearem os golpistas e não cederem à chantagem. “Se a pessoa for comprometida, o ideal é que abra o jogo para a companheira porque muitos estelionatários costumam enviar os vídeos mesmo que tenham recebido alguma quantia”, conta.
Outra orientação é procurar um advogado de confiança e registrar o crime na delegacia. “Sempre que perceber que está sendo coagido, ameaçado e não estiver seguro de procurar as autoridades policiais, procure um advogado da sua confiança. Nesse caso as vítimas não procuram porque têm certeza de que estão sendo autores do crime de pedofilia, quando na verdade estão conversando com falsários. Essa é a principal estratégia dos golpistas, fazer a vítima se sentir culpada e pensar que está sendo beneficiada ao ceder à extorsão”, afirma o criminalista.
Investigação
Farah explica que o advogado da vítima pode ingressar com o requerimento de instauração de inquérito policial. “Nesse documento é possível juntar provas de forma ordenada, narrar os fatos com a versão da vítima e depois passa a participar do inquérito como assistente da acusação. A polícia tem condições de identificar, por meio de investigações e perícias criminais, os autores do golpe”, completa.
Além do crime de extorsão, os golpistas podem ser processados por estelionato; organização criminosa, já que o crime é feito por várias pessoas; falsidade ideológica; falsificação de documento público e falsificação de documento particular. “Apesar de não ser um crime com emprego de violência, a soma das penas atinge um mínimo de 16 anos e 4 meses e a máxima de 42 anos, então não cabe penas alternativas, é regime fechado”, completa.
Em uma dessas ações, no final de agosto, policiais do Rio Grande do Sul fizeram uma operação para coibir o golpe, cumprindo 16 mandados judiciais. Em três presídios, a polícia encontrou um roteiro que explicava como abordar e extorquir as vítimas. Seis pessoas foram presas.
Confira alguns vídeos enviados para vítimas do golpe:
Vídeo 1 – O momento em que a suposta mãe da garota registra o boletim de ocorrência contra o homem, vítima do golpe.
Vídeo 2 – Tentando confirmar a realidade da denúncia, um dos golpistas filma o que seria a mesa do delegado ou escrivão de polícia. Nota-se que os emblemas e credenciais apresentados são da Polícia Civil de São Paulo, mesmo a garota supostamente morando no Rio Grande do Sul.
Vídeo 3 – Vídeo que o pai da adolescente teria gravado para comprovar que a menina ficou revoltada e quebrou objetos dentro de casa, inclusive seu celular.
Vídeo 4 – Vídeo com a suposta relação de próximas prisões e ameaça de inclusão do nome da vítima na lista. Nota-se que, desta vez, está escrito no papel que eles pertencem à Polícia Civil do Rio Grande do Sul, diferentemente do apresentado no segundo vídeo.