O ex-prefeito de Goianésia do Pará, José Ribamar Ferreira (MDB), que também é madeireiro, está sendo acusado de grilagem de terra e de crime ambiental em uma gleba pertencente ao Estado do Pará, denominada Fazenda Joana, localizada a cerca de 10 km da sede daquele município da Região do Lago de Tucuruí, sudeste paraense.
Além disso, o ex-prefeito estaria contratando pistoleiros para ameaçar de expulsão as famílias que há muito tempo ocupam o local. Moradores filmaram um trator e um caminhão de uma madeireira pertencente ao ex-prefeito retirando dezenas de toras de madeira, além de uma área incendiada.
“Queremos relatar um crime ambiental que vem acontecendo em Goianésia do Pará, mais precisamente na Fazenda Joana, a 10 km do município. É uma gleba estadual, mas está sendo explorada ilegalmente pelo ex-prefeito José Ribamar Ferreira, do MDB”, afirmam moradores em documento encaminhado ao Ver-o-Fato.
Segundo os denunciantes, José Ribamar, se diz dono, mas não prova com documentos a propriedade da terra e estaria desmatando a área, praticando crime ambiental. Para encobrir a retirada de madeira, que seria negociada por uma madeireira do ex-prefeito, dizem os moradores, ele manda incendiar o local desmatado para apagar provas do crime.
“Temos informações de que ele mantém um grupo de pistoleiros já conhecidos na região para ameaçar pessoas que estão acampadas próximo da área e para afastar quem queira filmar seus atos”, apontam as denúncias.
Intimidação
Dizem ainda os moradores que um grupo de trabalhadores sem-terra, que está acampado na beira da Rodovia PA 150 há mais de cinco anos, entrou com requerimento de posse da mesma área no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá, mas não teve sucesso, por não ser área federal. Agora, os acampados requereram a posse ao Instituto de Terras do Pará (Iterpa).
“Nos últimos dias, o senhor Ribamar tem sendo visto por populares acompanhado de viatura da polícia nas proximidades do acampamento sem-terra, na PA 150, coagindo pessoas que residem ali”, afirmam os moradores. Eles perguntam: “os ex-prefeitos têm o privilegio de ter escolta particular paga pelo estado, ainda mais para coagir cidadãos que ajudaram a eleger o atual governador?”.
Outra pergunta dos moradores é sobre a atuação da Secretaria de Meio Ambiente do Estado: “Por que a Semas não fiscaliza a área, mesmo com denúncias na linha verde direcionadas ao órgão e ainda mais, por ser um dos maiores focos de incêndio registrado nos meses de setembro e outubro?”
Segundo as denúncias, no Iterpa não consta nenhum pedido do ex-prefeito sobre a propriedade da área, sequer posse. Os ameaçados acreditam que o ex-prefeito deve estar fazendo uso político da área em razão de ser do MDB e aliado do governador. O caso merece investigação do Ministério Público.
O Ver-o-Fato tentou, sem sucesso, ouvir o ex-prefeito José Ribamar Ferreira, para ele apresentar sua defesa sobre as acusações de grilagem, crime ambiental e ameaças de morte contra famílias acampadas na área. O espaço está aberto à manifestação do ex-alcaide de Goianésia.
Vídeos de derrubada da mata e devastação: