A briga começa ainda em casa, pois com os mais velhos fora de combate por serem grupo de risco, sobra para os mais jovens – que em muitos casos também são os mais preguiçosos – a missão de ir fazer as compras no supermercado.
O aceite geralmente vem pela influência da situação atual da pandemia, mas sempre é um jogando pro outro sob o argumento de que não se tem experiência ou que a polícia está multando. Depois da dor de cabeça, logo vão.
Chegando lá, a duvida ainda paira sobre as reais regras de ida ao supermercado: pode ir em dupla? Um diz que sim, outro insiste que não. Em comum acordo fingem não se conhecer e primeiro entra um e depois o outro, mas lá dentro se reencontram e as divergências seguem.
Qual o tipo do arroz ou do feijão? Um joga na cara do outro argumentos exteriores ao objeto do debate: “tu nunca cozinhou nada, por isso não sabe”; “tu não para em casa, por isso não repara”. Levam um de cada tipo para não ter erro.
E a cena segue com um jogando pro outro a pilotagem do carrinho. Se um diz que agora é hora da manteiga, outro diz que é hora do açúcar. Até que chega nas carnes, território tão caro que preferem não arriscar por uma briga boba, então fazem uma chamada de vídeo para os país escolherem online, eis a maravilha da tecnologia. Claro, os país vão nos, ainda acessíveis, frangos. Frango ontem, frango hoje, frango amanhã, frango sempre!
E o cenário em Belém é esse: supermercados tomados por jovens que usam da tradicional listinha com letra da mãe, até as novidades de grupo da família e chamada de vídeo. Além, é claro, de estarem se mostrando bons mãos de vaca. Tudo por amor e bom senso.
Na chegada em casa, os mais velhos até brincam: é hoje que neva em Belém. Antes fosse, eu mesmo iria por todo sempre aos supermercados se isso garantisse ao menos um dia abaixo de 20 graus. Essa pandemia precisa acabar!
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