Pior do que notícia falsa é a manipulação geográfica que ela é capaz de produzir, talvez até com má intenção política.
Depois que o programa Alerta Nacional, do apresentador Siquêra Júnior, na semana passada, mostrou suposto superfaturamento de cinco torneiras públicas por valores estratosféricos, correu de ontem para hoje a informação de que o repórter Bruno Rodrigues, escalado para fazer a matéria em Moju, havia sido assassinado em um restaurante daquela cidade.
Nas imagens, como se tivessem sido gravadas em Moju, vê-se dois pistoleiros saltando de um veículo e um deles desfere vários tiros contra a cabeça de um homem sentado em uma cadeira do estabelecimento.
O vídeo é autêntico, a morte de fato ocorreu, mas não na cidade de Moju. E nem o morto é o repórter Bruno Rodrigues, do Alerta Nacional. O próprio “Brunão”, como é conhecido, diante da repercussão do vídeo, que viralizou nas redes sociais, teve de prestar esclarecimentos.
“Eu quero deixar todo mundo bem sossegado que eu estou vivinho, não morri não, viu? Esse vídeo que estão espalhando nas redes sociais e que mostra a imagem de gordinho sendo assassinado, não sou eu. Estou aqui, na sede da Rede TV, preparando matéria que vai ao ar mais tarde”, explicou Bruno.
Cantor de salsa
O morto que aparece nas imagens, gravadas em janeiro deste ano, na verdade é Jorge Fernando Lino Macas, conhecido por “‘Vanilla”, na cidade de Guaiaquil, capital do Equador. Ele foi atingindo por cerca de 15 tiros e morreu na hora. Jorge Macas era cantor e dançarino de salsa e integrava um grupo musical daquela cidade.
Ele era ex-policial e foi processado por assassinato e associação criminosa. Em 2018, Jorge e outras três pessoas foram denunciadas pelo transporte de 800 quilos de droga, mas ele foi declarado inocente
Jorge Lino Macas estava sentado na calçada de um restaurante, com outras pessoas, quando os pistoleiros saltaram de um carro e fizeram os disparos, matando-o. No vídeo, é possível ver frequentadores do restaurante abandonando as mesas às pressas, assustados, para escapar dos tiros.
Fake news, no Brasil, ainda não é crime. Mas faz estragos e até é capaz de matar, como ocorreu agora, além de destruir reputações, negar a ciência, caluniar, difamar e injuriar.
Não compartilhe fake news. Você poderá ser a próxima vítima..
Sobre o assunto, veja o trabalho do site boatos.org
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