O prefeito Alcides Abreu Barra do município de Limoeiro do Ajuru, na região do Baixo Tocantins, foi preso na manhã de hoje, juntamente com o secretário de Saúde, Edson Farias, além da irmã do prefeito, Aldenira Abreu Barra, que trabalha na prefeitura, e da servidora municipal, Celiane Pinheiro Santana.
O motivo das prisões é o envolvimento em esquema de corrupção na contratação de uma empresa que não prestava serviços médicos, mas recebia o dinheiro, dividindo parte com os envolvidos. A licitação era fraudulenta. Limoeiro do Ajuru, município do Marajó e próximo de Muaná, São Sebastião da Boa Vista e Cametá tem um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil. A família do prefeito ocupa a maior parte das secretarias municipais.
As prisões foram efetuadas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Pará. Como o prefeito tem foro por prerrogativa de função, benefício popularmente conhecido por foro privilegiado, a investigação contra ele é da competência do procurador-geral de Justiça, que delegou a missão ao GAECO, como é de praxe. A tarefa contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Inteligência e Segurança Institucional (GSI).
Em um trabalho investigativo profundo e criterioso, o órgão do MP conseguiu pegar o fio da meada do esquema criminoso. O detalhe é que a corrupção estava localizada dentro da própria prefeitura, tendo como beneficiário direto o prefeito, segundo apuração feita pelo Ver-o-Fato.
A maracutaia funcionava da seguinte maneira: uma licitação, obviamente fraudulenta, era efetivada e os serviços que não eram prestados, como consultas médicas, exames de raio-X e medicamentos, também não fornecidos, mas eram pagos pela prefeitura, nesse caso por ordem de Alcides Barra e do secretário de Saúde, Edson Farias.
A irmã do prefeito, Aldenira Barra, que é a secretária de Educação, também está metida no esquema, porque também recebia valores. Outra servidora municipal investigada atuava para facilitar a ponte entre os personagens. Ou seja, a empresa recebia o dinheiro e devolvida parte em pagamentos aos envolvidos na corrupção por meio de Pix. Outra parte era paga diretamente ao prefeito em um escritório de Belém.
Tudo descoberto e amarrado, coube ao Tribunal de Justiça, a pedido do MP, decretar as prisões dos envolvidos para “garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal”. Os presos estão sendo transferidos para Belém. O processo está sob segredo de justiça, porque outras investigações ainda estão em curso.
O Ver-o-Fato não conseguiu contato com os advogados dos presos. O espaço está aberto às manifestações.