O escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, morreu na noite da segunda-feira, 24, aos 74 anos, em um hospital na região de Richmond, na Virgínia, Estados Unidos. O anúncio foi feito pela família de Carvalho nas redes sociais, na madrugada desta terça-feira, 25.
A causa da morte não foi revelada, mas o escritor anunciou ter se infectado com o novo coronavírus no dia 16. No ano passado, Carvalho teve diversos problemas de saúde, que o levaram a uma série de internações em São Paulo e nos Estados Unidos, onde morava.
O escritor deixa a esposa, Roxane, oito filhos e 18 netos. “A família agradece a todos os amigos as mensagens de solidariedade e pede orações pela alma do professor”, diz a publicação.
Autoproclamado filósofo, o escritor não gostava do título de guru, apesar de ter sido assim que ficou conhecido depois da ascensão do bolsonarismo.
Olavo de Carvalho nasceu em Campinas, São Paulo, em 1947. Não teve carreira acadêmica formal, mas se dedicou aos estudos de forma autoditada e passou a ensinar filosofia de forma acadêmica.
Ficou conhecido a partir da década de 1980, quando passou a escrever para jornais como Folha de S. Paulo e O Globo. Foi astrólogo e ministrou cursos de filosofia, política e esoterismo.
Olavo de Carvalho ficou conhecido por ser anticomunista e pela recusa ao que chamava de politicamente correto e é apontado como responsável pelo nascimento da Nova Direita brasileira. Ao longo da carreira, lançou vários livros, mas foi frequentemente taxado de charlatão e que o que fazia era pseudociência por cientistas.
O filósofo é apontado como guru de Bolsonaro pela forte ligação com o presidente da República. O livro O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota estava na mesa do presidente Bolsonaro na primeira live feita após ser eleito, em 2018. Pelas redes sociais, Bolsonaro lamentou a morte do amigo a quem chamou de “um dos maiores pensadores da história do país”.
Carlos Bolsonaro também destacou as contribuições de Olavo. “Grande foi a sua influência em nossas vidas, não apenas em politica, mas também através de ensinamentos valorosos e inúmeras amizades geradas por convergência de valores”, disse pelo Twitter.
O próprio Palácio do Planalto emitiu uma nota de pesar pela morte do escritor: “Intransigente defensor da liberdade e escritor prolífico, o professor Olavo sempre defendeu que a liberdade deve ser vivida no íntimo da consciência individual e na inegociável honestidade do ser para consigo mesmo”, destaca trecho da nota.
Figuras do alto escalão do governo, como o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e os ex-ministros da Educação Ricardo Vélez Rodrígues e Abraham Weintraub, foram indicações de Olavo para as pastas.
“Historinha de terror”
O alinhamento com o governo seguiu até na minimização da pandemia. O filósofo criticou medidas de isolamento e o uso de máscara e defendeu remédios sem eficácia comprovada para tratamento da covid-19. “O medo de um suposto vírus mortífero não passa de historinha de terror para acovardar a população e fazê-la aceitar a escravidão como um presente de Papai Noel”, chegou a escrever em maio de 2020. Olavo de Carvalho tinha sido diagnosticado com covid-19 no último dia 16, mas a causa da morte dele não foi divulgada.
No ano passado, o escritor foi alvo de uma campanha promovida pelo Sleeping Giants, movimento que luta contra as fake news, em que mais de 250 marcas se desvincularam do conteúdo dele. Ele ainda teve as contas no PagSeguro e PayPal suspensas.
A ação levou o filósofo a cobrar uma atitude de Bolsonaro e disse que o presidente tinha usado um “garoto-propaganda” para “se promover e se eleger” e depois tinha esquecido dos amigos. Ano passado chegou a chamar Bolsonaro de “burro” em uma entrevista à BBC.
Polêmico, ano passado, foi condenado a pagar R$ 2,9 milhões depois de chamar Caetano Veloso de pedófilo. Frequentemente, usava xingamentos para atacar aqueles que não concordavam com ele e a imprensa. Fontes: AE e Correio Braziliense.