O engenheiro e pesquisador PhD Ivair Gontijo, cientista da NASA participante da missão Mars 2020, trouxe informações inéditas sobre o seu trabalho e estudos em desenvolvimento durante o webinar “A Caminho de Marte”, promovido pelo Centro Universitário FEI nesta última quinta-feira (4).
Com a missão de abordar os atuais estudos sobre o planeta vermelho, avanços científicos e as perspectivas para a astrofísica, o evento contou também com a participação do professor Cássio Barbosa, astrofísico do Centro Universitário FEI e do professor Roberto Baginski, coordenador do Departamento de Física da Instituição.
Gontijo é responsável por todas as interfaces entre o instrumento SuperCam e o veículo do Rover Perseverance, que aterrissou em Marte no dia 18 de fevereiro deste ano. Diretamente da NASA, ele afirmou que um grande desafio para a construção das placas acopladas na sonda é a mecânica de precisão.
Partes dos materiais utilizados eram fabricados em países diferentes como França, Espanha e EUA, e para se ter sucesso foi preciso estar atento e alinhado com as conversões de unidades e sistema métrico de precisão. Um satélite de US﹩125 milhões desapareceu em 1999, por erro de conversões de unidades.
Vida em marte
Existe água em marte? O cientista Ivair Gontijo afirma que sim, e que as imagens foram coletadas por meio do Rover Perseverance captadas pela SuperCam. Segundo Gontijo, foi detectada água na superfície de Marte e agora o desafio é contar com as pesquisas e a colaboração dos astrobiólogos, que estudam a vida no universo, em conexão com o ambiente astronômico.
E por ser muito parecido com a terra, uma das tarefas em andamento em Marte é a análise do solo com a ajuda da SuperCam. O equipamento que é acoplado na cabeça da sonda tem por função identificar a composição química de rochas e solos, incluindo sua composição atômica e molecular. O instrumento faz isso por meio da explosão das rochas com um laser, analisando então o espectro da luz”
“O laser do SuperCam é capaz de remover a poeira da superfície remotamente, melhorando a visão dos alvos a serem coletados”, afirma Gontijo.
Curiosidades do espaço
Outro fato curioso sobre a expedição no planeta Marte é a vida útil dos veículos. Diferentemente da sonda Rover Opportunity, aterrissada em 2004, que se recarregava com energia solar, a Rover Perseverance utiliza em seu núcleo baterias com energia nuclear (plutônio-238). Segundo o engenheiro da NASA, a vida útil do equipamento será muito maior e não haverá problemas com as tempestades de areia, que podem danificar as placas solares e assim ficar sem energia para continuidade da missão.
Um desafio para os pesquisadores envolvidos na missão Mars 2020 tem sido o fuso horário. Isso porque os equipamentos em Marte transmitem informações no fim da tarde marciana, que corresponde ao período da noite e madrugada no Brasil e exige uma equipe preparada para recebê-los assim que chegam à Terra. Além disso, a cada dia o fuso entre Terra e Marte aumenta 40 min. Gontijo explica que o trabalho da equipe acaba ocorrendo em tempo marciano, quando eles preparam o próximo lote de comandos para execução do veículo no dia seguinte.
Na última quarta-feira (3), o veículo passou a se mover pelo solo marciano. Gontijo explica que até o momento a missão tem sido um sucesso, sem problemas técnicos, e que estão sendo executadas as chamadas “First Time Activities”, com testes de engenharia que permitirão colocá-lo em total funcionamento nos próximos dias.
“Nos últimos dias vimos imagens em alta resolução da atmosfera marciana e poder conversar com um cientista brasileiro fundamental para a missão Mars 2020 é motivo de muita satisfação para nós. Os avanços da ciência devem ser celebrados por todos”, ressalta o professor Cássio Barbosa.
Para assistir o bate papo completo acesse o vídeo
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