A proximidade do segundo turno das eleições municipais parece ter acentuado o clima de tensão, nervosismo e desespero do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Após uma derrota humilhante no primeiro turno em Ananindeua, o segundo maior colégio eleitoral do estado, o governador direcionou suas forças e a estrutura do governo para apoiar candidatos de seu partido, em uma tentativa clara de reverter a situação e assegurar vitórias estratégicas. A cabeça está voltada para 2026.
As manobras envolvem, principalmente, o apoio a José Maria Tapajós, em Santarém, e Igor Normando – primo de Helder e essencial na estratégia de ampliar ainda mais o poder da família Barbalho por todo o estado, especialmente em Belém.
No primeiro turno, as urnas deram uma dura resposta ao governador, infligindo a ele derrotas em grandes colégios eleitorais, como Marabá, Parauapebas e Castanhal. A máquina não funcionou e os votos elegeram adversários de Helder. O sinal amarelo acendeu no quartel-general dos Barbalho.
Ataques, soberba e preconceito
Neste segundo turno, o governador entrou de peito e alma no jogo do tudo-ou-nada, acusando as derrotas do primeiro. Em Santarém, a atuação de Helder já foi denunciada à Justiça Eleitoral, por abuso de poder, pelo candidato JK do Povão, um vereador que está abalando as velhas estruturas da oligarquia local. JK do Povão evidencia o uso ostensivo de recursos e ações públicas para beneficiar Tapajós.
O governador, pessoalmente, turbina a distribuição de cestas básicas em comunidades pobres, além de promover entrega de títulos de terra e anunciar futuras obras para atrair a atenção e os votos dos eleitores.
Nessas caravanas embaladas por muita demagogia e populismo não falta a presença do midiático e fraco ministro das Cidades, Jader Filho, para falar em casas populares e projetos, escondendo da população que seu ministério enfrenta cortes de verbas significativos pelo governo de seu patrão, Lula da Silva.
Já em Belém, Igor Normando, que nada faz sem a presença do primo, tenta superar o candidato bolsonarista Eder Mauro, mas a coisa não parece tão fácil, como revelam pesquisas ao gosto do freguês. Tanto é verdade que o desespero do governador se manifestou de forma ainda mais controversa, perdendo as estribeiras.
Helder Barbalho foi acusado de agir com preconceito ao referir-se a Eder Mauro como “Peruquinha”, em uma tentativa de ridicularizá-lo por supostamente ser careca. O adversário, bem a seu estilo, reagiu com fúria à fala de Helder na propaganda eleitoral.
A afirmação de Helder não apenas repercutiu mal como também gerou críticas sobre o tom desrespeitoso e insensível, visto que o uso de perucas é comum entre pessoas que perderam cabelo por tratamentos de saúde, como quimioterapia, ou vítimas de escalpelamento em acidentes com barcos, situação recorrente em comunidades ribeirinhas do Pará.
O comentário considerado preconceituoso surpreendeu e revoltou eleitores, destacando uma postura que muitos qualificam como inadequada para um governador.
De olho em 2026
Nos bastidores, a preocupação de Helder Barbalho é palpável e o desespero, visível Com apenas três dias para o segundo turno, ele enfrenta a possibilidade de perder em dois dos maiores colégios eleitorais do estado: Belém e Santarém. Se na capital, as pesquisas indicam certo conforto, o mesmo não se pode dizer na “Pérola do Tapajós”, como a bela Santarém é conhecida.
Uma eventual derrota nessas cidades poderia comprometer as chances de sucesso nas eleições estaduais de 2026, quando planeja lançar sua vice, Hanna Ghassan, como sucessora. Para evitar esse cenário devastador para a continuidade da dinastia Barbalho, o governador tem intensificado o uso da máquina pública, desafiando abertamente a fiscalização do Ministério Público Eleitoral e a própria Justiça Eleitoral.
O cenário eleitoral se transformou em um verdadeiro vale-tudo, em que acusações, manobras e estratégias de última hora são utilizadas sem nenhum temor ou pudor. Com os olhos voltados para o próximo pleito estadual, Helder Barbalho sabe que o resultado deste segundo turno poderá definir não apenas o futuro de seus aliados, mas também seu próprio projeto de poder.
Helder diz em um vídeo gravado em Santarém, que tem time e que apoia seus aliados. Obviamente, enquanto tiver a caneta, a chave do cofre e o poder.
Sem isso, será um “rei” sem coroa. Ou melhor, um “rei” nu.
VÍDEOS