Um médico psiquiatra expulsou a mãe e uma criança autista de um consultório em Belém na manhã de sexta-feira (24) após se recusar a realizar o atendimento na clínica particular, localizada no bairro de Nazaré, capital do estado do Pará.
O flagrante foi gravado por um paciente que aguardava na sala de espera e mostra o menino chorando enquanto o médico grita com a mãe da vítima e alega que foi acertado com massa de modelar. Veja as cenas acima: “Não vou atender seu filho, você não segura ele. Escute, eu já vi o ‘tipo’ dele, então ele não precisa estar presente na sala pra eu fazer o atendimento nele. Eu to lhe oferecendo isso!”, declarou o médico nas cenas.
A mãe da criança ainda tentou convencer o psiquiatra a realizar o atendimento e afirmou que não poderia “amarrar” o filho para conseguir participar da consulta e que estava no local justamente para uma avaliação médica sobre o caso dele. Durante a discussão a mãe da vítima chegou a se dirigir aos demais pacientes e acompanhantes que aguardavam na sala de espera para denunciar o caso.
“Olha o seu jeito de deboche comigo, eu vou procurar meus direitos. O senhor é grosso e não tem sensibilidade, destratou meu filho e disse que ele é uma ameaça. Você precisa ser humano com as pessoas, pois todos que estão aqui necessitam de ajuda”, afirmou a mãe.
O médico em todo o momento da discussão segurou a porta para que a mãe e o menino saíssem do local. A mãe da criança chegou a chorar na frente dos outros pacientes e se retirou com o filho após não receber atendimento. O g1 entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda retorno se o caso está sendo investigado.
O consultório onde o médico estava atendendo faz parte da rede hospitalar Unimed que se pronunciou nas redes sociais sobre o caso, leia abaixo o texto na integra: “A Unimed Belém vem a público informar que tomou conhecimento, por meio da Ouvidoria, acerca da conduta adotada em consultório por um dos médicos psiquiatras cooperados da operadora de saúde.
Diante dos fatos, a cooperativa de saúde irá instaurar procedimento interno, através do Comitê Técnico, para apurar a conduta do médico cooperado” O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará também informou que tomou conhecimento da conduta do médico psiquiatra e que irá adotar todas as medidas cabíveis que o caso requer. Com informações do G1 Pará.
A conduta do médico e tudo o que ocorreu será investigado em sigilo, segundo informou o CRM devido ao código de processo ético-profissional. No entanto, a repercussão negativa do vídeo continua sendo debatida. Ainda durante a tarde de sexta-feira, Nayara Barbalho, coordenadora de Políticas para o Autismo do Pará, se pronunciou sobre o vídeo e declarou repúdio à atitude.
“Tenho muita dificuldade em falar sobre isso, mas gostaria de compartilhar a minha indignação. Em primeiro lugar, como mãe atípica, essa situação mexe profundamente comigo. Ver um profissional de saúde tratando uma criança autista e sua mãe com tanta falta de empatia e respeito é inaceitável. Isso é uma clara demonstração de falta de profissionalismo e humanidade. Nenhum contexto justifica tratar alguém dessa forma, é horrível pensar que ainda existam profissionais que não compreendem a importância de acolher e cuidar com dignidade”, inicia ela, pelo Instagram.
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