O estado do Pará, situado no coração da Amazônia, é uma terra abençoada por uma abundância impressionante de recursos naturais. Com vastas reservas minerais, uma rica produção agropecuária, uma fauna e flora exuberantes, além de uma diversidade cultural única, o estado poderia ser um exemplo de prosperidade.
No entanto, a fustigante realidade é que o estado figura entre os mais atrasados do Brasil em termos de Índice de Desenvolvimento Humano e Social, apresentando números comparáveis aos de alguns países africanos e sem nenhuma perspectiva de mudança.
Os índices de crescimento na educação são ridículos e não fazem o estado avançar e sair dos últimos lugares no país, principalmente nos ensinos fundamental e médio. Gasta-se muito e mal. O desemprego é alto e a informalidade do trabalho é que segura as pontas, apontando a incapacidade governamental de mudar a situação.A região do Marajó é o modelo desse estado de abandono, o estado a que chegamos, patinando no mínimo há meio século. .
Esse paradoxo pode ser compreendido ao analisar o histórico político do estado nas últimas décadas. A riqueza extraordinária do Pará, que deveria ser um trampolim para o desenvolvimento socioeconômico, tem sido diluída em um mar de corrupção, má gestão e falta de políticas públicas eficazes. Quem ainda tem a cabeça no lugar e não se deixa iludir pela massiva e milionária propaganda sabe que a mentira suplanta com folga qualquer vestígio de realidade.
Corrupção, nepotismo e benefícios para poucos
Poderíamos ser na prática do desenvolvimento social o que os altos números da exploração mineral traduzem como principal motor da economia. Há extensas reservas de minério de ferro, bauxita, manganês e ouro, sem falar das que ainda não foram exploradas, embora identificadas.
No entanto, em vez de traduzir esses recursos em benefícios para a população, muitas vezes ocorre o contrário. O empobrecimento da maioria cresce. Escândalos de corrupção e desvio de recursos dos cofres públicos tornaram-se comuns, deixando a população paraense à mercê de líderes que, ao invés de servirem ao bem comum, se servem dele para priorizar seus interesses pessoais, amealhando fortunas.
Os governos estaduais dos últimos 50 anos parecem ter perdido de vista o propósito fundamental de administrar em prol do povo. A ausência de políticas públicas eficientes e a falta de investimento em setores cruciais, como saúde – outra calamidade -, educação e infraestrutura, são evidências claras dessa negligência governamental. Enquanto o estado possui um potencial agrícola vasto e diversificado, muitos agricultores continuam enfrentando condições precárias e falta de apoio para suas atividades.
O nepotismo também desempenhou um papel prejudicial na administração do Pará. O favorecimento de familiares e amigos em cargos públicos contribui para a perpetuação de práticas questionáveis e a falta de diversidade e competência na gestão pública. Essa rede de interesses pessoais muitas vezes se sobrepõe aos interesses da maioria, minando qualquer tentativa de construir um governo transparente e eficiente.
A corrupção sistêmica não apenas mina a confiança da população nas instituições, mas também compromete o desenvolvimento sustentável do estado. Projetos que deveriam impulsionar a economia e melhorar a qualidade de vida são frequentemente desviados de suas finalidades, deixando a população à margem de qualquer desenvolvimento. A existência de quase metade dos 8,5 milhões de paraenses vivendo do assistencialismo do Bolso Família é o atestado reconhecido da inépcia dos governantes.
É vital que a população paraense, ciente desses desafios, abra os olhos, espante a cegueira da ilusão populista e da manipulação do marketing governamental para cobrar mudanças significativas. A conscientização sobre a importância da participação cidadã, o escrutínio rigoroso dos candidatos e a cobrança por transparência e responsabilidade são passos cruciais para romper com esse ciclo prejudicial de apatia e atraso.
O Pará, com sua riqueza natural, merece mais do que ser um exemplo de potencial desperdiçado; merece ser um exemplo de sucesso e desenvolvimento, moldado por líderes comprometidos com o bem-estar da população e o progresso sustentável.
O Ver-o-Fato vai continuar nessa linha editorial. Doa a quem doer.