Jornalistas e outros profissionais de Imprensa que estão na linha de frente da cobertura diária da pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov-2) poderão formar grupo prioritário para vacinação em caráter de urgência no plano estadual de imunização caso uma moção que foi apresentada no dia 7 passado, Dia do Jornalista, na Assembleia Legislativa (Alepa), seja acatada pelo governo do Pará.
A proposição, de número 225 e autoria do deputado Raimundo Santos (Patriota), já está tramitando na Casa. O parlamentar diz na justificação – nome técnico para embasar o documento – que: “No exercício da profissão para a prestação do nobre e imprescindível serviço de informar, os jornalistas paraenses, a exemplo de outros profissionais da área de todo o Brasil, estão expostos à pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov-2) em todos os dias e momentos durante a cobertura contínua da crise sanitária, e devem ser incluídos na relação de grupos prioritários para a vacinação imediata no Estado do Pará”.
Em outro trecho, afirma: “No “front da notícia” (…), apesar dos cuidados preventivos de contaminação, repórteres, técnicos e radialistas, por exemplo, mantêm contatos interpessoais diversos no cumprimento das pautas específicas do cotidiano na área da saúde, inclusive em ambientes de risco, como hospitais e outros estabelecimentos de saúde. Muitos deles foram acometidos da Covid-19 e não resistiram às complicações da enfermidade”.
Para embasar a moção, Raimundo Santos cita dados que acabam de ser divulgados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), apurados no primeiro trimestre de 2021 pelo Departamento de Saúde da entidade, segundo os quais o Brasil é o país com maior número de jornalistas mortos pelo novo coronavírus em todo o mundo.
O Pará, de acordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado (Sinjor-PA) Vito Gemaque, até o final de março passado dividia com os Estados de São Paulo e Amazonas a liderança no número de óbitos no Brasil causados pela doença: 19. Com o recente falecimento do jornalista Alyrio Sabbá, a soma agora fica em 20.
“O número em nosso Estado [de mortes] é crescente”, lamentou o presidente do sindicato, considerando que as coberturas diárias oferecem riscos de infecção no cumprimento das pautas cotidianas “para levar informação de qualidade”.
Debate
O Sinjor promoveu na noite da quarta-feira “live” intitulada “Jornalismo da linha de frente da pandemia”, em que o presidente do órgão, Vito Gemaque, adiantou um estudo será apresentado em breve sobre o índice de adoecimento no segmento. Ele declarou que os profissionais estão ficando doentes também nos locais de trabalho e transporte público em razão da dinâmica da atividade. “Eles não podem parar”.
Convidada para participar da programação, a médica infectologista Rita Medeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA) considerou “legítima” a reivindicação da classe de jornalistas pela vacinação, sobretudo os que atuam na cobertura do quadro de saúde atual no Estado. Ela enfatizou que o papel da Imprensa é importante, até para ser o contraponto das notícias “oficiais” de organismos públicos.
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