Já está valendo, desde hoje, 14, o decreto assinado pelo governador Helder Barbalho que proíbe a circulação de embarcações de passageiros entre os estados do Amazonas e o Pará. ” A medida é preventiva, para evitar a entrada em território paraense de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus oriundas do Amazonas”, justificou Helder.
O decreto (leia a íntegra no final da matéria) foi publicado na edição desta quinta-feira do Diário Oficial. Ele prevê, dentre as medidas, advertência, multa de R$ 10 mil e apreensão da embarcação.
De fato, a situação no estado vizinho preocupa o país inteiro e não apenas o Pará. O Amazonas registrou, na última segunda-feira, por exemplo, 250 novas internações por Covid-19, e voltou a bater o recorde de hospitalizações diárias desde o início da pandemia. Ainda naquele dia, 1.391 pessoas estavam internadas com a doença e foram confirmadas 55 mortes.
Segundo o governador, a partir do fechamento das fronteiras com o Amazonas, a fiscalização para evitar a chegada de embarcações provenientes daquele estado será intensificada. A Polícia Militar foi orientada a cumprir o decreto, fiscalizando os portos em todos os municípios fronteiriços com o Pará. “Haverá apoio de embarcações e aeronaves, para que possamos fazer cumprir a medida preventiva de restrição e proteger nossa população”, resumiu ele.
A medida de restrição deve se estender ao deslocamento aéreo de passageiros do Amazonas para aeroportos como os de Belém e Santarém, mas isso ainda depende de uma avaliação do governo paraense com a Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Situação caótica e toque de recolher
Os números atualizados sobre a disparada dos casos de Covid apontam que a doença avançou para cidades menores no Amazonas. A taxa de ocupação de UTIs para Covid está acima de 90%. Só na segunda-feira foram 150 sepultamentos em Manaus. Isso é três vezes a média diária registrada antes da pandemia. O número de novos casos também vem subindo. Foram mais de 2.100 em um único dia. E, desses novos registros, 80% foram do interior.
O Amazonas tem cerca de 4 milhões de habitantes. Metade deles vivem na capital. A outra metade está dividida nos outros 61 municípios. Mas quando o assunto é UTI, essa divisão é muito desigual. Isso porque só Manaus tem leito de UTI.
Com o avanço dos casos no interior, as prefeituras vêm apertando a fiscalização. Em Presidente Figueredo, a 100 quilômetros de Manaus, tem toque de recolher das 22h às 5h. Em Parintins, o toque de recolher começa mais cedo, 15h, e vai até às 5h.
“Eu estou entre a cruz e a espada, porque eu sei que os casos estão aumentando, a situação está grave mesmo, está tendo muitos casos. Mas para mim, está afetando muito, porque sou autônoma e quando tinha o auxílio da primeira vez, eu me recolhi numa boa, fechei tudo mesmo, não trabalhei. Mas agora eu não tenho como, sem o auxílio para me ajudar”, diz Ivana Cruz.
Veja o decreto, publicado hoje, no Diário Oficial do Estado
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