O Círio de Nazaré, um dos eventos religiosos mais importantes do Brasil, foi palco de tumulto neste fim de semana em Belém. Durante a trasladação, que ocorreu na noite de sábado (12), e na procissão do Círio, na manhã deste domingo (13), um grupo de romeiros atuou para cortar a corda que simboliza a ligação dos fiéis com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, gerando confusão e apreensão entre os devotos.
Relatos apontam que homens utilizaram facas para cortar a corda em mais de uma ocasião, inclusive em frente ao Banco do Brasil, na Avenida Presidente Vargas, no sábado à noite, quando a organização não conseguiu evitar a ação. A tentativa de obter pedaços da corda, vista como um objeto de devoção, provocou tumulto, e uma mulher acabou ferida no braço durante a confusão.
A organização do Círio intensificou a segurança, com guardas ao longo da procissão, e, quando romeiros pediam ajuda, a equipe agia rapidamente para evitar maiores danos. No entanto, em certos momentos, a ação rápida dos cortadores surpreendeu até mesmo a equipe de segurança.
Facas foram apreendidas e alguns dos envolvidos foram conduzidos pelas autoridades. Mesmo assim, as tentativas de corte da corda levantaram um debate nas redes sociais sobre a perda do verdadeiro espírito de devoção e união que marca o Círio de Nazaré.
Revolta e indignação nas redes sociais
Nas redes sociais, muitos expressaram indignação com o comportamento dos grupos envolvidos na tentativa de corte da corda. Para muitos, a ação reflete uma distorção do significado original da procissão. A usuária @kethllenneves_ relatou sua frustração: “Cheguei às 13h, fiquei na concentração, e por volta das 16h fui retirada do meu lugar por um grupo de rapazes, não podendo puxar a corda. Infelizmente, existem pessoas que não têm respeito e não sabem o que é o verdadeiro espírito do Círio.”
Outros usuários também criticaram a situação, associando-a à falta de respeito com a tradição religiosa. @leticiapontes.oficial desabafou: “É triste de ler, mas é a mais pura verdade! A corda foi monopolizada por grupos que não permitem que os promesseiros paguem as suas promessas. Eu mesma fui tirada várias vezes da corda e tive que ir na braba até o ponto de não aguentar mais.”
O descontentamento com a atitude dos cortadores da corda também ficou evidente no comentário de @mauroasm33, que foi categórico: “Isso não é promesseiro, isso é marginal mesmo!”, ecoando a revolta de muitos que presenciaram o tumulto.
Alguns participantes de longa data da procissão também compartilharam suas frustrações. O usuário @vinnypersonal, que participa há 18 anos do evento, destacou a mudança no comportamento dos fiéis: “A trasladação é exatamente o retrato desse comentário do querido aí! Apesar de fisicamente menos cansativo, mentalmente é mais desgastante por conta dessas situações. Por ser Círio, eu não posso sair distribuindo foguete nesses bandos do Gal4 Seca!”
A questão de respeito à tradição foi abordada por @lucasaoficial, que ressaltou a necessidade de punição para os envolvidos: “Essas pessoas precisam ser punidas. Respeitar a tradição 👏”. Já @paulamaymelo observou que, em sua primeira vez acompanhando a procissão, percebeu que muitos se distraíam com selfies e conversas, o que impactou negativamente a experiência espiritual: “A maioria fica batendo papo furado e reclamando de tudo… Fora que muita gente parava de caminhar pra fazer selfie ou fotos de artistas.”
Espírito de devoção e respeito abalado
O Círio de Nazaré, que reúne milhões de devotos todos os anos, é um momento de fé e reflexão. Contudo, as tentativas de cortar a corda e o tumulto gerado por essas ações levantam um questionamento sobre a perda do verdadeiro espírito do evento. Para muitos fiéis, o que era para ser um gesto de devoção se transformou em uma ambição desmedida por pedaços da corda, o que contraria o sentido original de amor, empatia e união promovido pela festividade.
Enquanto a organização tenta lidar com esses incidentes, a esperança dos devotos é de que o Círio possa retornar a ser, integralmente, um espaço de fé, sem interferências que desviem do seu propósito maior.