Moradores de Belém, que foram fazer compras de Natal e Ano Novo e que planejaram viajar para o interior do Estado, tiveram uma desagradável surpresa preparada por comerciantes e lojistas aproveitadores, na hora de pagar a conta.
De acordo com denúncias feitas ao Ver-o-Fato, a grande maioria do comércio do centro e dos bairros de Belém, em vários setores, está cobrando a mais quando o pagamento é pelo cartão de crédito. É uma espécie de “taxa” criada para compensar a demora do recebimento.
Os clientes que se sentem prejudicados cobram maior fiscalização dos órgãos do governo do Estado e da prefeitura de Belém para acabar com essa irregularidade.
O fato denunciado pode se configurar crime contra a economia popular, segundo a lei brasileira, mas na prática, a Lei 1.521, quase não é aplicada nesse caso, porque a fiscalização é ineficaz e não há policiamento adequado.
Na quinta-feira (22), clientes que procuraram uma empresa de navegação que faz viagens para o Arquipélago do Marajó, reclamaram quando compraram passagens e pagaram com cartão de crédito, porque os preços subiram por causa da “taxa”. Eles não tiveram escolha para não perder a viagem.
Segundo as denúncias, as cobranças ilegais quando os pagamentos são feitos por cartão de crédito já se tornaram comuns em quase toda Belém e isso não é de hoje, ficando mais evidente nessa época de aumento de compras por causa da chegada do Natal e Ano Novo.
Ao dar uma volta no centro da cidade, a dona de casa Maria de Fátima Souza, que só tinha o cartão de crédito para fazer compras, quase volta para casa sem levar nada, porque, segundo ela, várias lojas cobraram a “taxa”, que varia de acordo com a cara do cliente. “Só fiz compras, porque um lojista honesto cobrou o valor justo, do contrário eu não iria comprar nada, pois acho isso uma grande falta de respeito, como se alguém estivesse metendo a mão na minha bolsa”, reclamou ela.
Outro cliente, Pedro Marques, disse que também se sentiu “roubado” ao usar o cartão de crédito em um bairro afastado do centro. “Eu fui em um mercadinho no Bairro do Curió-Utinga comprar alguns produtos e quando fui pagar com o cartão de crédito, o comerciante disse que ia acrescentar 5 reais de ‘taxa’, porque só receberia no mês seguinte. Eu reclamei e ele disse que todos estão cobrando a mais no cartão e não adiantava reclamar pois não iria dar em nada”, disse.
Um morador do Bairro do Marco constatou que todos os tipos de comércio das redondezas estão cobrando abusivamente quando o pagamento é no crédito. “Pior de tudo é que eles (comerciantes) acham que estão com a razão e nós (clientes) é que estamos errados, falando frases do tipo ‘quero distância de gente lisa’ ou ‘vai chorar em outro lugar’. Isso para constranger o cliente”, desabafou.
Aumentos não autorizados de preços
Como em toda Região Metropolitana de Belém a falta de respeito às normas legais predomina, com muita gente se sentindo no direito de fazer o que bem quer, os aumentos de preços também estão ocorrendo nas vans que fazem viagens para o interior do Estado.
“Nessa época de Natal e quando chegam as datas de grandes saídas de passageiros para fora de Belém, os donos das vans cobram muito além do preço, porque não existe fiscalização”, alertou um morador de Belém que trabalha no interior e precisa das vans para viajar.
Uma viagem até Castanhal, a cerca de uma hora de viagem, saindo de Belém, que custa em média 15 reais, porque não existe tabela regulamentar, desde quinta-feira está custando 20 reais. “E a gente ainda fica dependendo da boa vontade do motorista, que só começa a viagem quando o veículo fica lotado. No meio do caminho vai subindo mais gente e o calor acaba ficando insuportável dentro da van, porque não há fiscalização”, contou uma funcionária da área de saúde que também mora em Belém e trabalha no interior.
“Deveria haver uma fiscalização rigoroso dos órgãos de proteção ao consumidor e de regulamentação de transportes para evitar que os clientes sejam lesados por empresários desonestos”, apela uma moradora de São Brás.