“Esse cinema era a coisa mais linda do mundo, os tapetes vermelhos, tinha porteiro. Era tudo educado, isso aqui era uma maravilha”, lembra o guardador de carros, Rui Bessa, que trabalha há 59 anos em frente ao Cine Olympia, o único cinema de rua no Brasil que continua exercendo sua função, e que nesta quarta-feira, 24, completa 112 anos de existência.
“Agora, eu espero que a população venha ver que o Olympia ressuscitou”, acrescenta o guardador, de 71 anos. O cinema está em obras de restauração desde março e tem previsão de entrega para daqui a um ano.
A celebração, nesta quarta-feira, 24, teve bolo e parabéns, dentro da obra, que recebeu a visita do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, da presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), Inês Silveira, de e vários apaixonados por cinema, como os integrantes da Associação dos Críticos de Cinema do Pará.
Afetividade
As memórias afetivas que ele desperta também afetam o engenheiro responsável pela obra, Ricardo Moraes. “É muito bonito ouvir as pessoas falarem do que viveram neste cinema. Meus pais namoraram aqui neste cinema, ele faz parte da história da cidade e das pessoas e é tão bom poder trabalhar com restauro e poder, cuidadosamente, trazer esses prédios, muitas vezes fechados, de volta para a população. Hoje, já armazenamos os equipamentos que vão passar por restauro e vamos começar a tratar a cobertura, para que não tenha infiltrações, e poder iniciar os procedimentos internos no prédio”, conta o engenheiro.
A reforma é geral. Por isso, o cuidado é maior, explica o prefeito de Belém. “É uma reforma total, aprovada pelo Iphan, restaurando o que está preservado, recuperando algumas coisas que estavam por baixo de paredes novas. Há pinturas que ressurgiram. É uma restauração usando as técnicas mais modernas para preservar o prédio, a arquitetura, de qualquer goteira no futuro e, ao mesmo tempo, a criação de espaços de memória, para que as crianças e os cidadãos possam visitar e conhecer as máquinas antigas de projeção, para que todos tenham acesso à história”, ressalta o prefeito de Belém.
Resistência
O Cine Olympia é símbolo de resistência dos cinema de rua, em todo o Brasil. É o único que mantém a função de cinema em funcionamento, por isso a importância da reforma, não apenas para a cidade.
“Celebrar os 112 anos de uma sala de cinema é um evento. A grande maioria dos cinemas de rua, a grande maioria dos cinemas que foram fundados no início do século passado, fechou ou foi vendida, ou virou outra coisa. Então, eu tô muito feliz com essa possibilidade do cinema voltar, em breve, em todas as condições ideais. A gente sabe da importância que o Olympia tem. Esse cinema representa, de algum modo, todos os cinemas de rua que não estão mais em atividade, o Olympia é o guardião da resistência do cinema de rua”, relata o presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará, Marco Antônio Moreira.
Para a presidente da Fundação Cultural de Belém, Inês Silveira, o dia é de festejar. “Recebemos o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, vereadores, produtores, professores de cinema das universidades de Belém, numa obra já em andamento, para festejar os 112 anos do Cine Olympia e, acima de tudo, festejar a revitalização da única sala de cinema de rua de Belém”, enfatiza a presidente. (Agência Belém)