A cidade de Afonso Cláudio, localizada na Região Serrana do Espírito Santo, tomou uma medida drástica visando a preservação das abelhas e beija-flores. A Prefeitura divulgou na última quinta-feira (17) um decreto que proíbe o plantio da árvore Espatódea (Spathodea campanulata) em todo o município.
Segundo informações do decreto, além da proibição do plantio, as árvores já existentes deverão ser cortadas, e as mudas produzidas ou em produção serão descartadas. A ação tem como objetivo conter os efeitos danosos da Espatódea, cujas belas flores de cor laranja foram comprovadamente identificadas como tóxicas para abelhas, insetos e até mesmo beija-flores.
O Poder Executivo, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, iniciou uma campanha de orientação e conscientização para informar os munícipes sobre os riscos associados à Espatódea. A ideia é incentivar a substituição dessas árvores em toda a extensão territorial do município.
Em caso de descumprimento do decreto, a prefeitura estabeleceu penalidades financeiras.
Vale ressaltar que Afonso Cláudio não é a primeira cidade a adotar essa medida. Em 2023, as prefeituras de Linhares, na Região Norte, e Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana, também publicaram decretos proibindo o plantio da Espatódea.
Origem e perigo da Espatódea
A Espatódea, também conhecida como Bisnagueira, Tulipeira-do-Gabão, Xixi-de-Macaco ou Chama-da-Floresta, é originária das florestas tropicais do Oeste da África. No Brasil, foi introduzida como planta ornamental.
Estudos comprovam a toxidade das flores da Espatódea para abelhas e beija-flores, principais polinizadores da natureza. A secretária de meio ambiente de Afonso Cláudio, Valéria Hollunder Klippel, explicou que as abelhas são atraídas pelo pólen e néctar adocicado das flores, mas acabam sendo afetadas por um alcaloide tóxico, resultando em morte. O mesmo ocorre com os beija-flores.
A proibição se justifica pelo papel crucial das abelhas na polinização de espécies vegetais.
“Um estudo realizado pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, estimou que um terço dos alimentos consumidos globalmente é dependente do trabalho das abelhas. Essa pesquisa indicou, ainda, que o inseto é responsável pela polinização de 80% dos cultivos do planeta. Esses argumentos reforçam a ideia (que não é um mero achismo, mas possui embasamento científico) de que a vida na Terra poderia acabar caso as abelhas fossem extintas”, destacou a secretária. (Do Ver-o-Fato, com informações de G1 Espírito Santo)