Em entrevista ao Ver-o-Fato, a advogada Wilma Lemos, mãe da funcionária pública Dayse Dyana Sousa e Silva, assassinada pelo marido, Diógenes Samaritano, em março de 2019 na cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará, afirmou que a filha dela foi morta de forma “cruel e violenta na frente do seu filho de 4 anos de idade”. E emendou: “após matá-la, ele lança o corpo da minha filha da janela da sala da casa, no segundo andar”.
Diógenes será julgado pelo Tribunal do Júri Popular nesta terça-feira, 20, em Belém. O julgamento seria realizado em Parauapebas, mas a justiça decidiu transferi-lo para a capital, o que provocou a revolta dos familiares da vítima. “Não é fácil falar desse assunto, até porque faz 4 anos e 11 meses que nós estamos lutando para que o julgamento seja feito e nós queríamos que fosse no local do crime, que é Parauapebas”, explica a advogada.
De acordo com suas palavras, “através de uma manobra jurídica”, Diógenes Samaritano conseguiu transferir o júri para Belém. Ou seja, ele utilizou se do mecanismo do desaforamento, mas também alegou que o prefeito Darci Lermen teria intimidade com a família da vítima e interesse na causa. Ele diz que Dayse teria se suicidado. A perícia, porém, descartou o suicídio. Dayse, segundo o laudo, foi agredida pelo companheiro e, depois, quando estava desacordada, jogada da janela do segundo piso da casa em que moravam.
Wilma repudia a alegação do réu, tachando-a de mentirosa e acrescentando que sua família não conhece pessoalmente o prefeito e nem possui intimidade com ele. O que ocorreu, lembra Wilma, “é que o prefeito compareceu em uma caminhada pelas ruas pela não-violência, após o crime brutal praticado contra Dayse”.
“Violento e corrupto”, acusa
“O Diógenes é um homem truculento, violento e corrupto”, acusa Wilma, destacando que sua família só veio a saber do caso de corrupção após o assassinato de Dayse. Na verdade, Diógenes foi condenado no dia 22 de novembro de 2021 a 14 anos e sete meses de prisão. Como agente do Detran, segundo a decisão judicial de condenação, ele apreendia carteiras de habilitação e documentos de veículos em situação ilegal, mas os liberava por meio do pagamento de propina, o chamado crime de concussão de servidor público.
Na casa de Diógenes, a Polícia Civil encontrou cerca de 300 documentos de veículos e Carteiras Nacionais de Habilitação de populares, espalhados pelo imóvel. O juiz Celo Quim Filho observou em sua decisão que conforme a apuração feita durante a instrução do processo foi constatado quie Diógenes Samaritano praticava os crimes “prevalecendo-se da sua condição de agente de trânsito”. Em vista disso, também foi condenado à perda do cargo público. Esse caso ainda não transitou em julgado.
“Queremos justiça no julgamento em Belém. O Tribunal do Júri precisa saber quem é Diógenes dos Santos Samaritano, um homem agressivo, cruel e mau”, resumiu Wilma Lemos.
A família de Dayse tem uma página chamada “justicapordayse”, no Instagram, onde detalhes, atualizações e fotos da vítima são constantemente postados. A ideia por trás da rede é não deixar que Dayse seja esquecida e, muito menos, o crime brutal do qual ela foi vítima.
O julgamento desta terça-feira, 20, será transmitido ao vivo na página do Tribunal de Justiça do Pará. O endereço é https://www.tjpa.jus.br clicando em seguida na janela “julgamento online”.
VÍDEO COM WILMA LEMOS: