Na Região Metropolitana de Belém, o silêncio dos comerciantes esconde um grito de desespero. A chamada “taxa do crime”, imposta por facções criminosas, tem se tornado um pesadelo para empresários que tentam manter seus negócios de pé. A recusa em pagar o valor extorquido, no entanto, tem um preço alto: ameaças, assaltos, pedradas e até a promessa de incêndios.
Um açougue no bairro do Guamá, nesta quinta-feira,20, foi alvo de mais um ataque. Após se negar a pagar os R$ 500 semanais exigidos pela facção, o estabelecimento foi assaltado e apedrejado. O empresário, cansado de viver sob o jugo do crime, decidiu que deve fechar as portas. Relatos nas redes sociais afirmam que o local já foi alvo outras vezes dos faccionados, inclusive mais de uma vez no mesmo dia.
O caso não é isolado. A região tem sido palco de uma escalada de violência, com criminosos agindo de forma cada vez mais ousada. Em um áudio ameaçador, um suposto integrante da facção criminosa deixa claro: “Enquanto não vier resposta daí e vocês não fizerem o pagamento todo mês, não vamos deixar vocês trabalharem no Guamá. Se abrir o açougue, vamos atacar. Se o caminhão de carne vier de madrugada, vamos dar prejuízo”.
A mensagem, repleta de intimidações, reflete a realidade de muitos comerciantes que vivem sob a constante ameaça de represálias. A Polícia Militar tem intensificado as operações para combater a extorsão, mas a sensação de insegurança persiste. “Quem poderá nos defender?”, questiona um morador da região, em uma publicação nas redes sociais.
O avanço das facções criminosas na cobrança da “taxa do crime” é um fato inegável e desafia a segurança pública no Pará. Enquanto o Estado busca respostas, comerciantes e trabalhadores são deixados à própria sorte, tendo que escolher entre ceder às exigências dos criminosos ou arriscar suas vidas e seus negócios.
A situação no Guamá é um retrato de um problema que vai além da criminalidade: é um sintoma da falta de políticas públicas eficazes para proteger quem tenta, honestamente, garantir o sustento de suas famílias. Enquanto isso, o medo segue ditando as regras, e sonhos são perdidos.
A pergunta que fica é: até quando Belém viverá sob a sombra da “taxa do crime”? E quantos mais terão que fechar as portas antes que uma solução real seja encontrada?