Na manhã desta quinta-feira (data a ser inserida), um avião monomotor colidiu com um urubu durante o procedimento de aterrissagem em Eirunepé, município a cerca de mil quilômetros de Manaus, Amazonas. O incidente ocorreu enquanto a aeronave, que havia partido de Envira, também no Amazonas, aproximava-se do aeródromo local, situado próximo ao lixão da cidade. Apesar do impacto, o piloto conseguiu realizar um pouso seguro.
O avião transportava cinco passageiros e o piloto no momento da colisão. Ninguém ficou ferido. Imagens gravadas por tripulantes mostram o urubu preso ao para-brisa quebrado, parcialmente dentro da cabine. No vídeo, é possível ouvir um dos passageiros comentando: “Ele [o urubu] não tinha culpa. É isso que acontece quando existe um aeroporto próximo a um lixão”.
Problemas estruturais próximos ao aeródromo
O lixão a céu aberto de Eirunepé, situado em área urbana e próximo ao aeroporto, tem sido alvo de denúncias recorrentes. Relatórios do Ministério Público Federal (MPF) já alertaram, desde 2019, para os riscos à segurança da aviação na região. A área de descarte irregular de resíduos inclui materiais hospitalares e restos de abate animal, o que atrai aves de rapina, como urubus, aumentando a probabilidade de colisões com aeronaves.
Em nota, o Aeroporto de Envira informou que o impacto da colisão foi significativo, causando danos ao para-brisa da aeronave. “Apesar disso, a habilidade do piloto foi crucial para que o pouso fosse realizado com segurança”, afirmou um representante.
Segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), medidas para mitigar os riscos ambientais foram propostas anteriormente, mas as condições no entorno do aeródromo permanecem irregulares. O caso também foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, mas até o momento nenhuma solução definitiva foi implementada.
Entenda o fenômeno “bird strike”
O termo bird strike refere-se à colisão entre aeronaves e aves, fenômeno que geralmente ocorre durante decolagens, pousos ou aproximações, quando os aviões operam em altitudes mais baixas. Esses incidentes podem causar sérios danos às aeronaves, afetando especialmente os motores ou estruturas externas, como o para-brisa.
Entre os casos mais conhecidos de bird strike está o chamado “Milagre no Hudson”, em 2009, quando o Voo US Airways 1549 colidiu com gansos-canadenses e precisou realizar um pouso de emergência no rio Hudson, em Nova York. Graças à habilidade do piloto Chesley Sullenberger, todas as 155 pessoas a bordo foram salvas. Outro exemplo marcante ocorreu em 2008, quando o Voo Ryanair 4102 sofreu danos graves após atingir uma revoada de pássaros em Roma. Apesar dos prejuízos à aeronave, todos os 172 ocupantes sobreviveram.
Riscos no Amazonas exigem atenção imediata
Por ora, o incidente não deixou feridos, mas evidencia um problema de longa data que segue sem solução.
Do Ver-o-Fato, com informações do Oglobo