A incerteza tem sido a única certeza para os aprovados no concurso da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Pará. O que deveria ser a realização de um sonho tornou-se um verdadeiro pesadelo. Previsto para ser concluído em novembro de 2024, o certame foi adiado sucessivas vezes e, mais uma vez, teve seu resultado final postergado.
A nova data estabelecida pelo governo do estado é 31 de março de 2025.
Para os candidatos aprovados, essa indefinição tem causado não apenas frustração, mas também sérios prejuízos financeiros e emocionais. Muitos deixaram seus empregos, mudaram de cidade e até trouxeram suas famílias para o Pará, acreditando que o curso de formação começaria em breve. Agora, sem qualquer garantia de cumprimento do novo prazo, vivem à mercê das constantes mudanças no cronograma.
“Nós estamos sem chão”
O desabafo de um candidato aprovado reflete o desespero da categoria:
“Nossos concursos eram para ter sido finalizados em novembro de 2024, mas foram sendo adiados sem explicação. O resultado final deveria sair hoje (31/01), mas adiaram de novo para 31 de março. Muitas famílias estão sendo prejudicadas, candidatos de outros estados já pediram transferência dos filhos para cá, muitos largaram seus empregos acreditando que o curso de formação começaria em breve. O governo não deu nenhum parecer concreto, estamos sendo negligenciados. Parece que estão nos fazendo um favor, quando, na verdade, passamos em uma prova difícil, gastamos tudo o que não tínhamos para cumprir as etapas do concurso e agora estamos sem respostas. É frustrante!”
Além da falta de transparência, os candidatos alegam descaso por parte do governo estadual. Segundo relatos, muitos já enfrentam dificuldades financeiras após gastarem valores expressivos com exames médicos e deslocamentos. Outros, que pediram demissão para ingressar na carreira pública, agora se veem desempregados e sem previsão para iniciar o curso de formação.
Comissão de aprovados cobra respeito e transparência
A indignação dos candidatos ganhou ainda mais força após a publicação do Diário Oficial do Estado (DOE/PA) n° 36.120, de 31 de janeiro de 2024, oficializando mais um adiamento da homologação do concurso da PMPA. Essa é a quarta vez que o resultado final é adiado, sem qualquer explicação convincente por parte do governo estadual.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a Comissão de Aprovados do CFOPMPA expressou sua revolta e cobrou um posicionamento oficial do governo:
“Nós, da comissão de aprovados do CFOPMPA, estamos tristes e decepcionados. Estamos buscando entender e saber o motivo da falta de transparência da SEPLAD, junto ao Governo, quanto à publicação final do concurso. Não houve, até o momento, nenhum posicionamento oficial estatal que pudesse ao menos dar um direcionamento do início do curso.
Respeitamos as diretrizes, os pilares da instituição, a hierarquia e a disciplina que o cargo exige. Tentamos DIALOGAR, no entanto, não obtivemos resposta! Precisamos saber quando o CURSO começa, quando a homologação sai! Este é o mínimo de RESPEITO e transparência que estamos pedindo ao CEBRASPE, junto à SEPLAD e ao Governo do Pará.
Por fim, sabemos do esforço da Polícia Militar para nos receber, formar policiais íntegros, comprometidos com a instituição e, sobretudo, preocupados com o bem-estar de todos, com o companheirismo e o espírito de corpo.”
A revolta dos candidatos se deve, sobretudo, à falta de uma explicação clara sobre os motivos dos adiamentos sucessivos. Muitos temem que novas mudanças sejam feitas e que a espera continue indefinidamente.
Crise no governo e promessas incertas
A gestão do governador Helder Barbalho (MDB) enfrenta dificuldades em diversas áreas, incluindo a educação, onde servidores estão em greve, além de problemas orçamentários e conflitos com comunidades indígenas. Diante desse cenário, cresce a preocupação de que os constantes adiamentos do concurso sejam reflexo de falhas na gestão pública e dificuldades financeiras do estado.
Nas redes sociais, o governador divulgou uma nota afirmando que o novo adiamento ocorreu devido a “ajustes necessários” feitos pelo Cebraspe, organizador do concurso, e pela Secretaria de Planejamento e Administração (Seplad). Segundo ele, a retificação dos editais foi necessária para cumprir “pendências legais”.
Porém, a falta de informações concretas gera desconfiança entre os candidatos, que temem novos atrasos e incertezas. Sem garantias de que o novo prazo será respeitado, a sensação predominante entre os aprovados é de angústia e revolta.
Um sonho adiado indefinidamente
O que deveria ser um passo rumo à estabilidade profissional e ao serviço público transformou-se em um tormento para os aprovados na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros do Pará. Sem clareza sobre o futuro, muitos se perguntam até quando terão que esperar para ver seus esforços reconhecidos.
Por enquanto, a única certeza é a incerteza. E o sonho de vestir a farda e servir ao estado do Pará segue adiado, sem garantias de que, desta vez, será cumprido o prometido.