Terminou de forma trágica a busca pela menina Amanda Julie Ribeiro Sobrinho, de 10 anos, que estava desaparecida desde a última terça-feira (7), quando saiu de casa e foi filmada por uma câmera de segurança caminhando sozinha por uma rua da cidade de Anajás, no Arquipélago do Marajó.
A criança foi encontrada morta, na tarde de ontem (11), embaixo do trapiche de um depósito de gás desativado, localizado em um local de pouca movimentação, às margens do Rio Anajás.
O corpo, já em estado de decomposição, estava amarrado em um esteio de sustentação do trapiche, com fios elétricos enrolados na cintura e no pescoço. Os indícios apontam que a menina foi assassinada e deixada no local pelo assassino ou assassinos.
A Polícia Civil aguarda o exame necroscópico do corpo, que está sendo feito pelo Instituto Médico Legal de Breves, para saber como ela foi morta e se houve violência sexual. O corpo ficou dentro d’água provavelmente por três ou quatro dias, o que pode prejudicar o trabalho da perícia.
Além da suspeita de homicídio e de violência sexual, há uma hipótese levantada por alguns, pouco provável por sinal, de que ela poderia ter sofrido uma descarga elétrica e se afogado ao cair no rio, enroscando o corpo na fiação elétrica do trapiche.
Mas os moradores da cidade não acreditam nessa segunda versão, tanto que estiveram no local e fizeram uma manifestação pedindo justiça, obrigando as autoridades presentes a mandarem a Polícia Militar isolar o local para o trabalho da Polícia Científica.
O superintendente regional da Polícia Civil do Marajó Ocidental, Paulo Junqueira, o delegado Gustavo Sampaio e o promotor de justiça Harrison Bezerra estiveram no local do encontro de cadáver e acompanham o desenrolar do caso.
A mãe da garotinha, Regiane Ribeiro, disse aos policiais que a criança costumava sair de casa sozinha, enquanto ela estava trabalhando. Foi assim que ela foi vista pela última vez nas imagens captadas por uma câmera de segurança.
Violência contra crianças e adolescentes
O município de Anajás é um dos mais pobres do Pará e do Brasil, com um dos Índices de Desenvolvimento Humano mas baixos do país.
Em quase todos os 16 municípios-ilhas do Marajó Ocidental, os registros de violência, principalmente sexual, contra crianças e adolescentes são muitos e já foram denunciados repetidas vezes pelo bispo Dom Luís Azcona.
Os governos que se sucederam no comando do Estado do Pará nas últimas décadas, entretanto, nunca implantaram um projeto sério de enfrentamento do problema, apenas apresentaram discursos demagógicos para conseguir votos.
E o gravíssimo problema só volta ao noticiário quando um crime monstruoso como esse ocorre e o governo não consegue esconder, apesar de tentar desviar o foco. Impressiona o descaso governamental e falta de políticas públicas sérias e de longo prazo para enfrentar o problema.