Esse foi o questionamento que me deparei na página da psicóloga Catherine Rosas, como se aparecessem em letras garrafais piscando em minha frente. Três palavras que foram como um sacolejo que as vezes precisamos ouvir de uma melhor amiga, ou o mais conhecido “choque de realidade’’.
O texto da psicóloga fala justamente sobre colocar limites em suas relações, a partir do momento que determinamos alguns limites, entendemos se somos amadas ou apenas útil para aquela relação. À primeira vista pode parecer pesado o tema, é sinal de que gerou alguma forma de desconforto, cabe a você fazer uma avaliação.
Comigo a frase trouxe sentido para alguns processos que já passei, outros que venho passando. E todos estão no caminho da autoavaliação, aceitação e amor próprio. Quando buscamos esse auto conhecimento é um caminho sem volta, e que bom, poder evoluir, se desconstruir, mas acima de tudo entender nossas emoções, sentimentos, frustrações, dores.
É um trabalho que nem sempre é fácil, enxergar relações que não foram feitas para você, expectativas que as vezes acabamos por depositar em algo e/ou alguém que sabemos, não vai ser reciproco. E aí vem aquela dor que parece quase que dilacerante, eu quero, mas não posso. É o coração lutando contra razão.
Esse tal do ‘’limite’’, faz uma diferença fundamental para quem busca relações saudáveis e acima de tudo, auto cuidado e proteção com sua saúde mental.
Vale a reflexão e o teste, afinal quem fica feliz por você? Quem te procura só quando precisa? Quem precisa que você alimente o ego?
Pode soar como perguntas de alguém amargurada, egoísta, e apesar do coração calejado de algumas decepções amorosas, estou bem longe desses adjetivos. Escrevo como uma forma de reflexão, sobre refletirmos nossa atual sociedade e os tempos modernos.
Uma percepção pessoal que agora busco externar em forma de texto. Andamos olhando mais para as telas do celular do que para o lado. Não estamos mais acostumados a conversar, aprofundar relações e sentimentos. Tenho a sensação que vivemos uma geração que está constantemente com medo de se envolver, onde questões básicas, podem se transformar em cobranças, joguinhos emocionais, cardápios de “contatinhos”. Um cenário perfeito da falta de responsabilidade emocional e do pouco caso do afeto.
Como o grande sociólogo Zygmunt Bauman conceitua, sobre os amores líquidos: “é a fragilidade dos laços humanos”. Sem a integração dos indivíduos, uma fluidez propensa a mudar a qualquer momento.
Essa linha tênue sobre esse “amor perfeito” e ‘’felicidade’’, rotineiramente alimentado nas redes sociais, faz parecer que a vida é um eterno conto de fadas, mas pasmem a vida instagramavel é apenas um recorte da vida real. As telas não podem substituir pessoas, contato, tato e interesse. E esses são pontos fundamentais para o sucateamento dos sentimentos, essa falta de base nas relações deixa tudo mais frágil.
Me pergunto quando foi que deixamos o afeto deixar de nos afetar? Quando foi que passamos a ter medo de amar?
Relações saudáveis não são feitas apenas de felicidade, viagens, fotos bonitinhas no Instagram, textões e juras de amor eterno. Uma boa relação requer muito mais que amor. É preciso respeito, parceria, clareza, amizade e alguns momentos de abdicação. É importante frisar que é bem diferente de desistência de algo que você goste ou queira. Mas que acima de tudo é ter a consciência, de ambas as pessoas que estejam envolvidas em qualquer relação, que vale a pena estar junto com esse alguém.
Estar disposto a se relacionar é estar disposto a construir laços reais, baseado em afeto. Estar disposto a se amar é saber o momento certo de colocar limites, afinal todo mundo merece um amor puramente imperfeito com suas perfeições. A utilidade deixamos para as maquinas.