A empresa chinesa Zhuhai Sino-Lac Suplly Chain vai começar a fornecer fertilizantes orgânicos para recuperação de áreas degradadas no Estado do Pará, a fim de melhorar o solo e aumentar a produtividade e a qualidade de produtos exportados para aquele país asiático.
A primeira remessa do produto, que está esperando liberação da China por containers, inicialmente será aplicada em Igarapé-Açu, na Região do Guamá, nordeste paraense, no plantio de pimenta do reino. Vários agricultores já estão cadastrados pela Ufra para testarem o produto, que se der resultado satisfatório será produzido aqui mesmo.
O fornecimento dos biofertilizantes faz parte do termo de cooperação entre a Universidade Federal Rural da Amazônia, a Universidade de Hohai e a empresa chinesa, que foi assinado na manhã desta sexta-feira (31), no pavilhão de salas de aula da Ufra.
De acordo com a reitora da Ufra, Herdjania Veras de Lima, a parceria será para pesquisa, desenvolvimento e formulação de novos fertilizantes orgânicos no Brasil, compreendendo a orientação técnica aos produtores, monitoramento de qualidade, orientação para obtenção de alvarás de entrada no mercado de fertilizantes orgânicos, estudos do efeito da aplicação dos fertilizantes no país e a melhora na qualidade dos produtos.
A Ufra se torna, dessa forma, a primeira universidade da Amazônia a assinar um acordo internacional para cooperação técnica, científica, educacional e cultural com a Universidade chinesa de Hohai.
O acordo prevê ainda intercâmbio institucional de docentes, técnico-administrativos e discentes de graduação e pós-graduação para o desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa.
Conforme a Ufra, a parceria também pretende promover simpósios, conferências e cursos, formação de docentes, treinamentos, além de atividades de cunho social e intercâmbio de informações na área do ensino, pesquisa e extensão entre as instituições.
Parceria em vários setores
O representante brasileiro da empresa Sino-Lac, Márcio Santos, disse que este termo de cooperação é apenas o primeiro passo de uma grande parceria, pois a princípio é sobre biofertilizantes, mas ampliando para outros setores, também, na área de logística, de hidrovias, de pontes e de hidrelétricas.
Ele explicou que a Sino-Lac tem concessão do governo chinês e está instalada na Baía das Pérolas, na cidade de Zhuhai, uma província de 100 a 120 milhões de pessoas com o maior poder aquisitivo chinês. Os grandes projetos de empresas estão instalados lá.
“O objetivo é alimentar, colocar comida de qualidade para 120 milhões de bocas”, assinala, apontando que “isso significa que nós temos que produzir proteína pronta, frango, peixe, boi, suínos, aves e exportar para consumo deles”.
Segundo ele, deverão ser instalados pelos menos três polos de agroindústria no Pará para ajudar a suprir a demanda por alimentação da China.
A Sino-Lac vem como gestora de cadeia de produção e vai entrar com investimento e pesquisa, com o pontapé inicial 6 milhões de reais em fertilizante para área degradada a fim de que se possa produzir muito mais na mesma área.
“Hoje se cria um boi a cada 10 mil metros quadrados e o nosso objetivo é passar para 4 mil metros na mesma área, além de ser ambientalmente correto, porque a gente tem uma preocupação sócio-econômica. A ideia é atingir a agricultura familiar, pequenos e médios produtores, não concentrar renda, dividir a renda o máximo possível”, destaca.
Testes começam em pouco tempo
O coordenador do projeto, Anderson Braz, professor da Ufra, disse que a assinatura do termo foi o fechamento de um processo que começou há um ano, quando houve uma reunião com a Sino-Lac, que tem experiência em produção de fertilizantes, em que foram repassadas para a empresa informações sobre as características do solo e do clima do Pará e eles desenvolveram um produto específico para esta região.
“É um produto que não é para competir de forma comercial com outros fertilizantes, mas é para recuperar a fertilidade de áreas degradadas. Eles desenvolveram um fertilizante orgânico que tem a capacidade de melhorar a fertilidade do solo. Junto com isso tem a nossa expertise local. Por exemplo, em Tracuateua, nós temos granito, que tem vários minerais na composição e dois deles podem ter potássio dentro da sua estrutura, que é um dos macronutrientes essenciais das plantas. Então, para conseguir liberar esse potássio, precisa de algo para consumir o granito e o que faz consumir é esse material orgânico que está no fertilizante. Nós vamos, através do fomento de bolsas de alunos de mestrado e doutorado, testar o produto, só ele, comparar com os fertilizantes comerciais, e na combinação dele com um pouco do pó de rocha, para ver se melhora ou não essa disponibilidade do potássio”, explicou.