Com as últimas mudanças do Instagram, talvez a Era das Redes Sociais tenha acabado, diz Scott Rosenberg
Pedro Dória – O Estado de São Paulo
Você lembra de quando entrou no Facebook pela primeira vez? Ou no Instagram? No Twitter?
Essas são experiências que nunca mais vão voltar. Hoje, a vida com as redes sociais é ruim. O Facebook é um grande vazio, o Twitter deixa de mau humor e o Instagram é pura ansiedade. Mas não era assim. Aliás, era bem o contrário: eram ambientes realmente agradáveis. Ambientes que nos arrancavam sorrisos.
O veterano analista desse mundo digital Scott Rosenberg sugere que a Era das Redes Sociais tenha, com as últimas mudanças no Insta, acabado. Passou como a Era dos Blogs ou, antes, a Era dos Sites Pessoais. Rosenberg está possivelmente certo.
A grande surpresa sentida por todo mundo quando entrou pela primeira vez no Face foi o encontro de amigos das antigas. Gente da escola, da faculdade, talvez alguns casinhos que passaram. Rostos há muito não vistos. Era um jeito de acompanhar gente de quem gostamos, mas que o tempo ou a geografia afastou. Não é à toa que a expressão usada naquela rede era “fazer amizade”. Cada visita era, de alguma forma, uma busca por contato.
O Twitter era outra coisa, completamente diferente. No Twitter, “seguíamos” as pessoas e a palavra era precisa. Primeiro porque era unilateral, diferentemente do Face. Você seguir alguém não quer dizer que o alguém o siga. Depois porque, no Twitter, o objetivo mesmo era acompanhar o fluxo de ideias ou informações que algumas pessoas traziam. Uma rede para se informar sobre o mundo centrada, evidentemente, em pessoas.
O Instagram juntou os dois conceitos. Uma rede para seguir os outros, mas não para notícias. Uma rede para compartilhar os momentos da vida. Tinha, claro, um quê de revista de moda. Aquela vida que gostaríamos de ter. Um lugar para sonhar acordado que, evidentemente, logo criou suas próprias celebridades.
Nada dessas coisas existem mais. O Instagram, como o Facebook, está mergulhando no modelo TikTok, e é isso que fará com que deixem de ser redes sociais.
No TikTok não adianta muito seguir pessoas, pois não se faz amizade, a experiência é passiva. O algoritmo descobre o que cada um gosta e começa a mostrar. O trabalho de quem entra é deslizar o dedo um vídeo após o outro.
O Instagram seguirá para se tornar a mesma coisa. Ele vai mostrar cada vez mais o conteúdo que algoritmo escolhe em detrimento das pessoas que nós escolhemos. A busca ativa se torna um assistir passivo. E, assim, vão morrendo as redes.
Sobrou o Twitter. A experiência não é mais de descoberta. Mas, bem, não é só lá que o mundo está violento