Marco Antônio Petit – ufólogo *
Por uma questão de coerência e responsabilidade, denunciamos esse engodo inicialmente aqui dentro do nosso grupo assim que o descobrimos e depois nas minhas mídias (perfis, grupo e página do Facebook, instagram e postagens no WhatsApp, revelando a falta de base das interpretações de artificialidade.
Conforme tenho revelado, apesar do aspecto viral que essa estória atingiu, a verdade é que a quase totalidade dos responsáveis pela difusão e publicação não fez um minuto de investigação das imagens originais, que acessei dentro de minhas investigações no catálogo de imagens brutas (raw images) do Curiosity, onde já descobri inúmeras anomalias envolvendo a missão do rover, em meu trabalho diário dentro do “Marte Revelado”, realizado em tempo real.
Como vocês também possuem conhecimento, em outros (inúmeros) endereços e catálogos de fotos oficiais da mesma agência espacial (NASA) relacionados às outros missões na superfície, ou na orbita do planeta (landers, rovers e orbitadores), na busca sinais e evidências da presença de vida no passado e presente do Planeta Vermelho.
Algumas pessoas simplesmente estão achando que realizam investigações (e existem grupos com esse mesmo tipo de pretensão no Brasil e exterior), em imagens da NASA “costuradas”, editadas de forma conjunta para a geração de mosaicos, por nomes, que apesar de acessarem os catálogos oficiais da NASA, disponibilizam esses mosaicos sem os devidos critérios técnicos.
A própria NASA produz seus mosaicos com as imagens de Marte e outros mundos, colorizando, inclusive, as fotos quando essas (os originais) não são coloridas, mas isso é feito é claro com responsabilidade e a noção precisa do nível de coloração (baseado nas fotos originalmente coloridas), que também são tomadas, justamente para não propiciar efeitos e ilusões, que já detectei, por exemplo, nos mosaicos que estão circulando nesse momento envolvendo o presente caso do “Portal”. que não foram gerados pela NASA.
Não há como buscar a natureza real do que no momento se discute em todas as redes sociais (a estória do portal) tendo como base esses mosaicos. Minhas investigações como vocês sabem (já informei nas diversas postagens) foram e estão sendo realizadas na totalidade das imagens do dia Sol 3466 (7 de maio de 2022), cujos originais estão publicados no já mencionado catálogo de fotos brutas do Curiosity.
Cada uma dessas fotos originais possui os seus dados técnicos e de registro ali disponibilizados. Sem esse tipo de investigação criteriosa não existe nada de sério. A imagem que viralizou, e que muitos acham que foi a única obtida, é na verdade a quarta fotografia tomada naquele dia (Sol 3466), exatamente às 07:58:16. A primeira que só agora mais recentemente foi liberada (descobri a imagem no sábado junto com outras), foi tomada às 07:57:45.
Três dessas fotografias foram obtidas com a câmera Mast Left e duas com a Mast Right. Da primeira a última houve um intervalo de tempo inferior a um minuto. Foram obtidas em conjunto sem que a agência espacial soubesse o que estava fotografando, mediante um comando enviado previamente pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), em Pasadena, na Califórnia, instituição da NASA responsável pela missão do rover. O comando levou vários minutos devido à distância de Marte para chegar ao Curiosity. O objetivo era fotografar uma área bem próxima do rover, fato que aconteceu.
Mediante a análise de cada uma das 156 imagens obtidas pelo o sistema Mastcam no dia em que o “portal” foi fotografado (uma das câmeras cientificas do rover), verifiquei que cada um dos aspectos geológicos presentes no “portal” são encontrados por toda a região e não apresentam qualquer sinal de artificialidade. Apesar da forma ser curiosa, não encontrei examinando as duas imagens liberadas inicialmente da estrutura (“portal”), entre às 156 fotos, qualquer sinal que indique ser de origem artificial.
Não existe evidência em cada um dos detalhes que vislumbrei após baixar as imagens de alta definição, que a estrutura foi produzida por qualquer intervenção de “mãos inteligentes”. A estrutura não possui simetria perfeita (como tem sido dito) e possui na verdade, como a análise da sequência fotográfica original revela, uma dimensão ínfima (poucos centímetros).
Em cada uma de suas “paredes” laterais observei material geológico em seu estado natural, exatamente do mesmo tipo que é visto nas rochas da região, e sem sinal de ter sido tocado. O “teto”, apresenta o mesmo tipo de realidade e sugiro que aqueles que seguem acreditando nos padrões geométricos supostamente exatos (isso vai também para o Face), que observem a sombra do “corte” superior da estrutura no “piso” do portal (totalmente irregular).
Os aspectos geométricos são apenas fruto de uma ilusão, um efeito da posição em que as imagens foram tomadas e em certo grau do fenômeno conhecido como pareidolia (a mente humana buscando associar detalhes e pontos de uma imagem com formas conhecidas). Tenho descartado em outros casos (fotos de Marte), como é conhecido, esse tipo de interpretação, mas no presente caso isso é real.
No sábado (14 de maio de 2022), sete dias após o Curiosity ter tomado a foto que viralizou, descobri mais uma vez, pelo exame continuado do catálogo de imagens brutas (raw images) do Curiosity, que a NASA havia publicado mais 70 fotos tomadas pelo rover no mesmo dia Sol 3466 (7 de maio de 2022). Examinei de forma detalhada esse “novo” material e descobri a liberação oficial de mais três fotos do “portal”, obtidas dessa vez com a Mast_Left, a câmera Mastcam esquerda (as duas primeiras, incluindo a que viralizou, foi obtida pela Mast_Right). As “novas” fotos (3) da estrutura e a análise das outras 67 dessa segunda liberação oficial, substanciaram ainda mais tudo que escrevi acima e a falta de qualquer evidência (apesar das aparências) de artificialidade para estrutura (“portal”).
As últimas avaliações que fiz com mais essas imagens liberadas pela NASA, descobertas por mim no sábado passado, indicam de forma objetiva, se examinarmos é claro toda a sequência na ordem em que as mais de 200 fotos do dia foram tomadas (a agência espacial fornece o horário de cada uma com a precisão dos segundos), que o “portal” pode ser ainda menor do que estávamos vislumbrando (realmente poucos centímetros).
Ele não foi fotografado ou descoberto em uma montanha em Marte (como a observação da única imagem (ampliada) que foi utilizada nessas divulgações e viralizou, pode dar a ilusão. A estrutura é uma das fendas geológicas que existem e localizei em um pequeno afloramento superficial dessa região da cratera Gale. A perspectiva e ângulo de visada é que propiciaram, quando ampliamos a fotografia, essa noção de uma aparente “grandiosidade”.
Mas são as próprias ampliações que eu cuidei de fazer, que documentam a ideia de que estamos diante apenas de uma casualidade geológica. O “piso”, por exemplo (também de poucos centímetros para dentro da estrutura geológica desse afloramento), está longe de ter a forma retangular. Conforme se aprofunda na rocha, ele vai se afunilando com um padrão também irregular, até o fundo, poucos centímetros após seu limite externo. O “portal” de Marte não vai ou dá acesso a lugar nenhum.
Defendo publicamente a habitabilidade do planeta Marte, em seu passado e as evidências de ruínas de uma antiga civilização desde à década de 80 e mais recentemente já dentro do programa Mars Exploration Rovers à descoberta de sinais de fósseis dos antigos animais, que teriam vivido na época que o Planeta Vermelho possuía rios, lagos, mares e oceanos (isso já oficializado em épocas recentes pela própria agência espacial), mas defender a ideia da artificialidade desse “monumento”, como alguns já estão fazendo, associando o “portal” à estruturas egípcias, é algo totalmente absurdo sem qualquer amparo, conforme revelei em meu evento do sábado passado na Plataforma Zoom.
A Ufologia e a questão da existência de vida extraterrestre não podem ser vistas dessa forma irresponsável. O único parâmetro da maioria das postagens, publicações, Lives, etc., levado em consideração, parece ser a busca de visualizações e um sensacionalismo barato, que só desmoraliza o assunto.
- Marco Antônio Petit é ufólogo e autor de 13 livros, incluindo “Marte – A Verdade Encoberta. Ele também foi um dos entrevistadores do coronel Uirangê Hollanda, quando este, em 1997, durante histórica entrevista à Revista UFO ao lado do também ufólogo Ademar Gevaerd, ouviram e publicaram revelações bombásticas sobre a famosa Operação Prato, em 1977, no Pará, que investigou aparições de luzes misteriosas e ataques contra humanos.