Augusto Menezes, de 105 anos, é mais uma pessoa a vencer a covid-19 após semanas de internação. Ele recebeu alta do Hospital de Campanha de Santarem neste sábado, 8. O idoso é conhecido na região por ter sido um “soldado da borracha”, pois por muito tempo trabalhou na extração do látex.
A família conta que ele sempre foi muito ativo e com estima pela produtividade. Além de extrativista, Augusto também já trabalhou como pedreiro e sempre teve uma boa saúde, mesmo após seu centenário.
Os familiares se sentem muito gratos ao tratamento que ele recebeu no hospital, que teria sido sua primeira internação, o que talvez explique sua relutância, em um primeiro momento, a ser internado.
Para quem não sabe, Soldados da Borracha foram os brasileiros que entre 1943 e 1945 foram alistados e transportados para a Amazônia pelo Semta, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington) na II Guerra Mundial.
Estes foram os peões do Segundo Ciclo da Borracha e da expansão demográfica da Amazônia. O contingente de Soldados da Borracha é calculado em mais de 55 mil, sendo na grande maioria nordestinos.
Os Soldados da Borracha, depois de alistados, examinados e dados como habilitados nos alojamentos em Fortaleza (Prado e Alagadiço), recebiam um kit básico de trabalho na mata, que constitui-se de: uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandes, uma rede, e um maço de cigarros Colomy.
O ponto de partida para muitos deles foi a Ponte Metálica (porto de Fortaleza naquela época). Só na Amazônia eles receberam o treinamento para a extração da borracha. A maioria, sob condições adversas da região que desconheciam, morreu de malária e outras doenças.
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