O aumento considerável dos casos e de mortes por Covid-19 na Região Metropolitana de Belém exige do governo estadual, em conjunto com as prefeituras, medidas urgentes – lockdown por quinze dias seria a mais adequada, embora a mais radical a ser tomada, ou toque de recolher a partir das 10 da noite, além do fechamento das atividades comerciais.
Fora disso, qualquer outra medida será paliativa e não terá força para impedir a propagação do vírus e suas variantes já presentes em Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara, Benevides e Santa Isabel.
Boa parte da população, contudo, até agora não se conscientizou dos perigos que corre ao circular por locais de grande aglomeração, como shoppings, supermercados, bares, boates e festas clandestinas, que acontecem sobretudo nos finais de semana sem que haja policiamento capaz de reprimi-las em nome da saúde pública. Muitos agem como se não existisse pandemia, sem falar nos negacionistas que andam por aí sem máscaras ou qualquer cuidado com a higienização.
Caso sejam adotadas medidas restritivas que não a circulação das pessoas – como o fechamento do comércio, salões de beleza, academias e restaurantes, por exemplo – isso pouco servirá para controlar a propagação do vírus, pois muita gente acaba trazendo a doença para dentro de casa – após circular nos sempre lotados ônibus -, contaminando idosos ainda não vacinados e crianças.
Por outro lado, pouco tem sido obedecidas as recomendações quanto às medidas sanitárias. O resultado disso já se faz sentir no quase colapso da rede de saúde de Belém e Ananindeua, as duas cidades mais populosas do estado. Para se ter uma ideia, segundo o secretário Municipal de Saúde de Belém, Maurício Bezerra, o cenário indica uma crescente alta nas taxas de ocupação de leitos das Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) e de leitos clínicos, números que colocam em alerta a gestão da saúde pública.
No domingo passado, 28, os números da Covid na capital em Belém indicavam a taxa de ocupação de leitos de UTI em 77,7%; taxa de ocupação de leitos clínicos em 76,9%, apresentando 73.637 casos confirmados da doença, outros 67.031 de pessoas recuperadas, e confirmadas 2.804 mortes.
Os dados comparativos do número de óbitos por Covid-19 também aumentaram. Em novembro de 2020 foram registrados 96 óbitos confirmados e em fevereiro de 2021 foram registrados 203 mortes. “O Estado do Pará está fazendo um grande esforço para fazer frente e dar condições e garantias de atendimento à população. E Belém, que tem trabalhado no processo de cooperação de forma muito saudável com a equipe do governo do Estado e equipe da Secretaria Municipal de Saúde, temos feito esse trabalho técnico conjuntamente”, explicou Maurício Bezerra.
O secretário também informou, que a gestão municipal vem ampliando os leitos exclusivos para Covid-19 na capital. Atualmente há 52 leitos para atendimento clínico no hospital de retaguarda Dom Vicente Zico, 10 leitos no Hospital da Beneficente Portuguesa e 24 leitos de UTI. Se for necessário, serão abertos novos leitos no Hospital Barros Barreto, da Universidade Federal do Pará, através de convênio com a prefeitura de Belém.
Bloqueio geral
Praias e comércio fechados, toque de recolher e barreiras sanitárias em todo o país por, pelo menos, duas semanas. É o que defendem especialistas ouvidos pelo G1 como medidas nacionais e coordenadas que o governo federal deveria adotar em março para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus, que já registrou recordes em apenas dois meses de 2021.
Segundo os especialistas, os argumentos listados abaixo mostram a necessidade de um lockdown nacional (bloqueio geral), com medidas duras de restrição de circulação, durante o mês de março no Brasil:
Sem vacinação em massa, sem rastreamento dos casos e sem o aumento da testagem, o distanciamento é a única maneira de conter o vírus;
Diante do agravamento geral da pandemia, o país não conseguirá diminuir as transmissões se cada estado adotar uma medida diferente;
Exemplos de outros países mostram que medidas curtas e pontuais, menores que 15 dias, não geram resultados consistentes;
Quanto menor a circulação da população, menor a chance de o vírus encontrar pessoas suscetíveis à infecção;
Reino Unido e Israel conseguiram controlar as transmissões com uma combinação de lockdown e vacinação em massa.
Necessidade de ação nacional
Membro da diretoria do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Vanja dos Santos explica que, diante do iminente colapso do sistema de saúde em quase todos os estados, as ações precisam ser nacionais para serem eficazes.
“No momento de caos generalizado em que estamos, ou paramos e fechamos tudo, ou vamos dobrar essas mais de 250 mil mortes pela Covid-19 que tivemos em um ano em um tempo muito menor” , disse Vanja. Ela explica que o CNS e demais órgãos nacionais que integram a “Frente Pela Vida” pedem ao governo federal ações unificadas desde o ano passado.
Com o agravamento da pandemia em fevereiro, o segundo mês com maior número de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, a paralisação das atividades em todo o país é tema no CNS. “Na nossa última reunião, na terça-feira (23), discutimos medidas urgentes para o Brasil neste momento, como fechar todo o comércio, praias e serviço não essencial por duas semanas, assim como estipular um toque de recolher, implementar barreiras sanitárias pelo país e fazer testagem em massa”, conta Santos. ( Do Ver-o-Fato, com informações do G1 e Sesma)
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