A insatisfação é quase generalizada no Democratas, partido que em Belém compõe a aliança de apoio ao deputado Thiago Araújo, candidato a prefeito. Até agora, faltando 11 dias para eleição, a grande maioria dos 38 candidatos a vereador não recebeu um centavo sequer do Fundo Partidário para suas campanhas. E, pior ainda, não há qualquer resposta que arrefeça as queixas dos que estão cobrando respostas da direção partidária.
O partido dispõe de R$ 89 milhões para distribuir entre seus candidatos a prefeito e vereador por todo o país, mas como ocorre com quase todos os outros partidos que disputam a eleição, a entrega desse dinheiro para as campanhas é uma verdadeira “caixa-preta”. A maioria pouco ou quase nada recebe, enquanto apaniguados e afilhados das cúpulas partidárias são aquinhoados com gordas verbas.
O Ver-o-Fato foi procurado por candidatos do DEM não apenas da capital, mas também do interior – em outros partidos o problema é parecido, embora para alguns os recursos, ainda que escassos, já tenham sido liberados pelos comandos nacionais dessas agremiações políticas – e as queixas apontam para ausência de informações sobre o repasse do dinheiro, quando isso irá ocorrer e qual o motivo de ainda não ter sido feito.
Segundo Yan Miranda, presidente do diretório municipal de Belém do DEM e também candidato à Câmara Municipal, a denúncia dos candidatos “não procede”. Miranda deu as seguintes explicações: “o recurso cairá na conta dos candidatos, como foi acordado em reunião. E isso ocorrerá direto de Brasília”. Ele reconhece que, de fato, a programação de repasses “está acontecendo de forma lenta”, embora garanta que “estamos pressionando”.
Para Miranda, o DEM de Belém não pode ser responsabilizado pela situação, porque não é ele quem faz o repasse. “Todos os candidatos preencheram as fichas e deram andamento no processo. Quatro candidatos demoraram a fazer o requerimento e isso atrasou o processo para Brasília”. E enfatizou: ” o DEM de Belém não recebe nem faz repasses”.
Cinco candidatos do partido a vereador no interior do estado, por outro lado, mandaram mensagens para o Ver-o-Fato, denunciando que se na capital a situação é de desespero, no interior está “pela hora da morte”. Um deles, pedindo para não ter o nome divulgado, desabafou: “eu já desisti, não quero mais essa m…. de candidatura, pra puxar voto pra quem recebe o dinheiro e vai aparecer na véspera da eleição, comprando mandato”.
Perguntado se tinha mais detalhes sobre a gravidade da denúncia que fazia, o candidato respondeu: ” se eu falar, muita gente grande vai querer minha cabeça numa bandeja”. E sugeriu que esse portal de notícias procurasse saber dos detalhes com o diretório estadual. Tarefa para a qual, aliás, o Ver-o-Fato não obteve sucesso. Há dois dias foi enviado um pedido, por mensagem de Whatsapp, de manifestação à secretária estadual de prenome Rose, mas ela não retornou.
O mesmo ocorreu com a secretaria da direção nacional do partido, que, procurada, ficou de buscar informações sobre o caso dos candidatos do Pará – particularmente de Belém, onde a insatisfação beira à revolta -, recebeu perguntas, mas até agora não se manifestou.
O candidato a prefeito Thiago Araújo – que nada tem a ver com as agruras, denúncias e fastio de recursos dos candidatos a vereador do DEM -, tenta apagar o incêndio e evitar que esse rastilho explosivo chegue aos outros cinco partidos aliados da campanha.
O Ministério Público Eleitoral (MPE), fiscal da lei, está com a palavra.
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