Mais uma mulher perdeu a vida em um ato brutal de feminicídio no Pará. Kamila de Jesus Oliveira, de apenas 28 anos, foi assassinada no último final de semana com um tiro na cabeça, no Garimpo do Santino, em Cumaru do Norte, região cercada de conflitos e ilegalidades, situada no entorno da Terra Indígena Kayapó.
O principal suspeito é seu companheiro, Francisco das Chagas Barbo, conhecido como “Filipe”, que está foragido. Kamila deixa um filho pequeno, que agora cresce sem a presença da mãe por conta de um crime que nunca deveria ter acontecido.
A violência que matou Kamila não é apenas um reflexo do comportamento de um homem, mas também da indiferença estrutural que permeia regiões como o Garimpo do Santino. Locais como esse, frequentemente associados a crimes ambientais, tráfico de drogas e outros delitos, são territórios negligenciados pelo poder público, onde as leis parecem não alcançar e a vida humana perde valor.
O crime ocorreu por volta das 3h da manhã, segundo relatos preliminares. A família da jovem, que reside em Redenção, foi informada por conhecidos e indicaram Francisco como o autor do disparo fatal. Embora o caso tenha sido registrado inicialmente em Ourilândia do Norte, as investigações estão sob responsabilidade da Delegacia de Cumaru do Norte.
O garimpo onde Kamila foi morta é uma área de difícil acesso, com deslocamento possível apenas por barco ou via aérea, o que torna ainda mais desafiadora a atuação das autoridades. Essa realidade evidencia não apenas a precariedade estrutural da região, mas também o isolamento que permite que crimes como esse ocorram longe do alcance imediato da justiça.
Clamor por justiça
Kamila era ativa nas redes sociais, onde compartilhava seu cotidiano e os desafios da vida em uma área marcada pela ilegalidade. Sua morte violenta é um lembrete doloroso da vulnerabilidade das mulheres em um estado onde os índices de feminicídio são alarmantes.
Este caso não pode ser tratado como apenas mais um número nas estatísticas sombrias da violência contra a mulher. É um alerta para a urgência de políticas públicas que enfrentem de maneira efetiva a violência de gênero e o descaso que alimenta tragédias como essa.
Até quando histórias como a de Kamila serão narradas com o mesmo roteiro de brutalidade, impunidade e abandono? A violência no Pará não é um fenômeno isolado; é um reflexo de uma sociedade que ainda falha em proteger suas mulheres, especialmente aquelas que vivem em contextos mais vulneráveis.
As autoridades precisam agir com firmeza e rapidez para localizar Francisco e garantir que ele responda pelo crime que cometeu. Mais do que isso, é necessário romper o ciclo de omissão e negligência que transforma o estado em um território de violência sem limites.
Como ajudar
Qualquer informação que possa ajudar na captura do suspeito pode ser enviada ao Disque Denúncia (181). Em casos de urgência, o número 190 está disponível, e denúncias anônimas podem ser enviadas por WhatsApp para o número (91) 98115-9181. O sigilo é garantido.
Kamila merece justiça, e a sociedade merece um Pará onde as mulheres possam viver sem medo.