A dança das cadeiras no alto escalão do governo estadual ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (28). Em decisão publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), o governador Helder Barbalho exonerou o médico cardiologista e ex-deputado estadual, Jaques Neves do cargo de diretor-geral do Hospital Ophir Loyola.
Quem assume o cargo, “até ulterior deliberação” do governador, é o médico Jair Francisco Graim. O novo diretor é parente direto do advogado Antônio Graim Neto, chefe de gabinete no TCE da primeira dama e conselheira, Daniela Barbalho.
Nomeado em maio deste ano, ele ficou no cargo por apenas sete meses. Jaques foi o único candidato a deputado a não se reeleger, mas permaneceu fiel aliado de Helder quando trocou o PSC pelo União Brasil. Um fato inusitado: em maio, ao assumir o comando do hospital, Neves sequer passou pela sabatina na Alepa. Coisas da política papa-açaí.
A exoneração dele, que já vinha sendo ventilada nos bastidores, marca mais uma tentativa de ajustes em uma gestão que enfrenta críticas crescentes em áreas sensíveis como a saúde pública.
Segundo fonte do hospital ao Ver-o-Fato, a saída de Neves foi motivada por uma combinação de fatores delicados. Entre os principais estariam a falta de medicamentos essenciais para tratamentos oncológicos, algo que gerou uma enxurrada de reclamações de pacientes e familiares, além de contratos e distratos de fornecedores problemáticos.
Também teria pesado na exoneração uma suposta folha salarial suplementar recheada com valores incompatíveis. Isso tudo teria aumentado o desgaste interno e externo da administração de Neves.
Outras demissões?
A exoneração também expõe uma crise política dentro do próprio governo. Helder Barbalho, conhecido por alinhar cargos estratégicos com aliados partidários, parece agora rever essa prática diante de resultados aquém do esperado. Fontes próximas ao governador indicam que outras exonerações estão a caminho, atingindo secretarias com desempenho abaixo das expectativas.
O recado é claro: o apoio político não será suficiente para blindar gestores que não entregarem resultados concretos.
Com a saída de Jaques Neves, fica em aberto o futuro do Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento oncológico no estado. A mudança traz à tona a necessidade urgente de uma gestão mais eficiente e comprometida com as demandas de um dos segmentos mais frágeis e críticos da saúde pública.
O Ver-o-Fato não conseguiu contato com o médico cardiologista para ouvir a versão dele sobre a exoneração. O espaço está aberto à manifestação.
Enquanto isso, o movimento de Helder Barbalho sugere um esforço para equilibrar as pressões políticas com a cobrança por eficiência administrativa, num governo que já dá sinais de que 2024 será marcado por ajustes profundos. A próxima pergunta que se impõe: quem será o próximo na lista?
VEJA O DECRETO DE EXONERAÇÃO