O conflito entre a Agropalma, seus seguranças da Prossegur e as comunidades indígenas locais alcançou novos patamares e a tensão só faz aumentar na área, segundo vídeos e fotos enviados ao Ver-o-Fato. As acusações dos indígenas contra a Agropalma e a repressão da empresa, que já recorreu inclusive à justiça, ganharam novos relatados da última segunda-feira até a manhã desta quinta-feira, 29. A polícia foi ao local e viu o cenário em meio às denúncias dos dois lados. O presidente da Agropalma, André Dias, ainda não se manifestou.
A situação é dramática: as imagens e vídeos coletados hoje revelam o uso de cercas cortantes pela Prossegur, cuja presença foi denunciada pelos indígenas como uma forma de cerco e violência. As fotografias mostram ferimentos graves em membros da comunidade indígena, com destaque para um índio que sofreu um corte profundo após passar por baixo de uma cerca de arame farpado.
Além disso, há relatos confirmados de disparos de balas de borracha contra os indígenas, que foram encurralados por seguranças armados.
O conflito ganhou ainda mais notoriedade com a presença do chefe de segurança da Agropalma, identificado como Pastana, e de um segurança conhecido como “Zé”. Ambos foram flagrados nas fotos e vídeos compartilhados, claramente envolvidos nas operações de segurança contra os indígenas.
A denúncia das comunidades locais também foi corroborada por uma inspeção conduzida pelo delegado Iberoni e pela DECA (Delegacia Especializada no Combate ao Crime Ambiental). Apesar das acusações da Agropalma sobre a presença de armas de fogo e o desmatamento, a fiscalização encontrou apenas valas cavadas ao redor das áreas de plantio e a cerca que continua a isolar os indígenas.
Em resposta à escalada do conflito, há promessa de representante indígena e de um quilombola de elaboração de um boletim de ocorrência detalhado contra a Agropalma e a Prossegur, com a coleta de todas as evidências e documentação necessária para respaldar as denúncias.
Uma equipe das Polícias Civil e Científica estiveram esta manhã na área do conflito, levando investigadores e peritos. A diligência policial fez um levantamento do caso para elaboração de perícia cujo laudo deve trazer luz ao imbroglio. Vídeos foram enviados ao Ver-o-Fato.
O clima de tensão continua a crescer, com a comunidade indígena e seus aliados preparando-se para um embate legal e social contra as práticas da Agropalma e da Prossegur. As próximas horas serão decisivas para o desenrolar desse grave conflito, que já demonstra os impactos profundos e violentos da disputa por territórios na região amazônica.
Com a palavra, André Dias, presidente da Agropalma
Há quatro meses, a Agropalma mudou completamente sua diretoria. Quem assumiu o comando da empresa no Pará foi o ex-Monsanto, André Dias, que chegou, segundo foi divulgado na mídia sulista, para sanear a empresa, que enfrenta grave crise.
Dias demitiu diretores e mudou a face administrativa da Agropalma, Mas também deixou no ar algumas perguntas: ele sabe que a Agropalma não é dona das terras e que até documentos falsos, oriundos do cartório “fantasma” Oliveira Santos, foram utilizados para dar ar de legalidade às irregularidades?
Se sabe de tudo isso, o que diz sobre a questão, já que teria vindo ao Pará exatamente para resolver velhos problemas da empresa? Quanto aos conflitos com indígenas e quilombolas, o que está fazendo para levar a paz na região? Há respeito às comunidades do entorno da empresa?
São perguntas que não querem calar e cujas respostas não podem ficar escondidas dentro da bolha executiva.
IMAGENS DE HOJE, 29, COM A POLÍCIA NO LOCAL: