Quase nada se sabe do que ocorreu com Antônio Lemos, antes de ele pisar pela primeira vez, aos 24 anos de idade, em Belém.
À cidade, como é sabido, ele iria conferir, no início dos anos de 1900, como seu administrador, o brilho esplendoroso de capital da Belle Époque da Amazônia, então, uma região enriquecida com a exportação de sua borracha.
Para depois, em 1912, quase septuagenário, ser expulso de Belém de maneira assustadoramente humilhante.
Personagem trágico desde cedo, sabe-se, agora, através da edição do antigo jornal O Pará, comemorativa dos seus 55 anos de idade, recentemente localizado, que Lemos ficou órfão, apenas cinco anos depois de nascer.
E que, aos 17 anos, saiu de sua cidade natal, São Luís no Maranhão, para se alistar como soldado da Marinha de Guerra, no Rio de Janeiro, onde obteve o cargo de escrevente.
Mais tarde – sabe-se ainda -, engajado numa corveta, coincidentemente chamada Paraense, Lemos participou de dois episódios da Guerra do Paraguai – o Bloqueio de Montevidéu e a Rendição de Uruguaiana – pelo que foi condecorado aos 22 anos, com a Medalha da Campanha do Uruguai.
Honraria destinada, por decreto do Imperador Dom Pedro II, aos combatentes, naquela guerra, que haviam prestado relevantes serviços nas tripulações dos navios integrados à esquadra comandada pelo Almirante Tamandaré.
Aquela esquadra era composta por vapores de guerra, como a corveta em que estava Lemos – da qual hoje, infelizmente, não há imagem conhecida.
Estas embarcações pertenciam ao Arsenal da Marinha da Corte.
No entanto, outra corveta deste arsenal, chamada Parnaíba, em tudo semelhante à Paraense, foi fotografada, na época.
Só através dela, podemos ver como era a Paraense tripulada pelo jovem Lemos naqueles conflitos.
- Oswaldo Coimbra é escritor e jornalista