O desembargador Luiz Fernando Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), determinou, em 3 de outubro, durante o plantão judiciário, a soltura de Ednaldo Freire Ferreira, o “Dadá”, um dos principais líderes de uma facção criminosa na Bahia. Horas depois, a decisão foi revogada pelo desembargador Julio Travessa, que analisou um pedido do Ministério Público estadual. No entanto, depois de solto, o homem não foi encontrado novamente. Ele continua foragido até hoje, segunda-feira, 16.
No pedido de prisão domiciliar, a defesa alegou que Dadá tem um filho “portador do transtorno do espectro do autismo”. O R7 apurou que o homem já havia pedido, em 2021, liberdade para cuidar do filho mas nem sequer ficou em casa para cuidar da criança.
Em outubro, Dadá foi um dos alvos de uma operação deflagrada pela Polícia Federal para desarticular a facção criminosa baiana.
Iniciadas em maio de 2020, as investigações revelaram o organograma da facção e as funções dos membros e constataram que parte das ordens para o cometimento de crimes graves vinha de dentro de presídios.
Nas redes sociais, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, criticou a decisão de soltura. “Líder da principal facção criminosa da Bahia foi solto no plantão judiciário por um desembargador, num domingo, às 20h42. Quando outro desembargador revogou a decisão já era tarde demais, ele havia desaparecido. É normal? É aceitável?”, questionou.
Manobra da defesa
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindipoc), Eustácio Lopes, classificou a soltura do traficante Ednaldo Freire Ferreira, conhecido como Dadá, como uma manobra articulada da defesa em usar do Plantão Judiciário para obter a saída do criminoso das carceragens para a prisão domiciliar “como se fosse um cidadão comum”.
“O advogado usou essa estratégia para conseguir esse alvará como se fosse para um cidadão comum e não para uma pessoa de alta periculosidade que ele (Dadá) é. Ele agiu de forma correta com o pedido de alvará para ele cuidar do filho, que é autista, mas que, indiretamente, ele acabou que induzindo o juiz ao erro e isso causou um grau de revolta muito grande nas polícias Civil e Militar, e principalmente nesse momento em que unimos forças de inteligência com a Polícia Federal para o combate ao tráfico – ação que já tem dado efeito de recuo da atuação desses grupos criminosos em nosso estado”, disse Eustácio Lopes, presidente do Sindipoc.
MP-BA entra com recursos
Logo após tomar conhecimento da soltura de Ednaldo, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) recorreu em recursos, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e nvestigações Criminais (Gaeco), para reverter a decisão, que foi logo revogada pelo então desembargador Julio Travessa, da 2ª Câmara riminal – 1ª Turma. No entanto, a ação acabou sendo tardia porque Dadá já havia saído da carceragem. Ele agora é considerado foragido da justiça. Esta não seria a primeira vez que ele usou da estratégia para escapar da prisão.