O momento político é extremamente delicado e quem disser que basta apenas tirar Dilma e o PT do poder para tudo melhorar, ou é desinformado, ingênuo, as duas coisas, ou está querendo gozar da cara dos brasileiros.
Dilma é corrupta? Até agora, a menos que a Justiça se manifeste mais adiante e diga que sim, não há provas de que ela se locupletou com dinheiro público. Embora uma quadrilha dela tenha se cercado, principalmente no 4º andar do Palácio do Planalto, para continuar o saque iniciado nos dois governos de Lula, este sim, envolvido até o pescoço em malfeitos.
No caso de Dilma, sequer há denúncia contra ela pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Isso, porém, não quer dizer que a presidente seja inocente, como no caso das pedaladas fiscais que originaram o processo de impeachment a ser votado neste domingo. As provas obtidas, fundadas em pareceres técnicos e julgados do Tribunal de Contas da União (TCU), apontam que ela cometeu crime de responsabilidade.
Por causa disso, será apeada do poder em razão de já existirem votos suficientes para retirá-la do Planalto, segundo as últimas projeções feitas inclusive por governistas. O mantra do “golpe”, repetido à exaustão pela presidente, só é ouvido e repetido por petistas e aliados de alguns partidos de esquerda. Para estes, a “ficha” ainda não caiu. Nem vai cair, mesmo na ressaca do pós-impeachment.
Eles querem a permanência de Dilma porque isso significa a continuidade de um projeto político de poder que, na verdade, exauriu-se, está morrendo, não de morte matada, mas de morte morrida. O projeto do PT naufragou. E com o detalhe de que o caos econômico e o desabamento do Produto Interno Bruto (PIB) não podem ser atirados nos ombros da crise internacional. A “marolinha” que Lula proclamava ontem transformou-se no tsunami que hoje infelicita a Nação. Não foi por falta de aviso.
Temos mais de 10 milhões de desempregados, a produção despencou, quase 300 brasileiros a cada hora perdem seus empregos e vêem naufragar seus projetos de vida. As contas públicas subiram como foquete, na razão inversa da credibilidade de Dilma como governante, que conseguiu superar até o malsinado governo de José Sarney, seu aliado de sempre. Empresas pequenas, médias e grandes fecham as portas, enquanto as dívidas pessoais dos brasileiros assumem proporções gigantescas. Somos todos inadimplentes, sujeitos a juros abusivos de bancos, os que mais lucraram nos governos do PT, além de uma carga de impostos assassina.
Não há como negar que o Estado Brasileiro foi aparelhado por criminosos, colocados em postos-chave da administração pública, para fazer o jogo das obras superfaturadas, do suborno e da institucionalização da propina. É lógico que o PT não inventou a corrupção, mas nesses 13 anos – número sintomático – de poder sofisticou-a e a ampliou a níveis elevados. Só participavam do esquema os amigos da corte palaciana. Ou os parasitas e “laranjas” infiltrados em estatais e fundos de pensão.
Enquanto isso, a maioria da população era distraída com números manipulados e mentiras sobre o desempenho da economia. A patética reeleição da presidente – com o represamento dos aumentos da energia elétrica e dos combustíveis – foi o verdadeiro golpe cujo resultado hoje é conhecido da população, principalmente a mais pobre.
As tentativas de compra de votos para obter a maioria e evitar sua saída do Planalto deram resultado errado. Dilma sempre teve ojeriza à classe política. Com a arrogância que lhe é típica, tratou com desprezo os próprios aliados. Os mesmos dos quais, agora no desespero, praticamente implora pelo voto. Nesse aspecto, a presidente prova do próprio veneno.
A saída de Dilma e do PT do governo significam, sem dúvida, um alívio para o País. Se ela tivesse a grandeza da renúncia e do reconhecimento do fracasso que impôs à Nação teria poupado a todos da angústia, do pessimismo e da falta de perspectivas inoculados no espírito da população.
Temer no governo, por outro lado, é uma incógnita. Se ele superar as desconfianças, mesmo de novos aliados – até dos que abandonaram Dilma e pularam no barco dele – e compuser um governo com perfil mais técnico e menos político, terá alguma chance para se firmar. É algo difícil, ainda mais porque será obrigado a conviver com a permanente ameaça de cassação de seu mandato, seja no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou na incursão para também tirá-lo do Planalto.
A defesa de nova eleição para presidente ganha força. Eis aí outro desafio posto diante de Temer. Ele precisará demonstrar competência para superar as adversidades que virão. Caso contrário, seu naufrágio será igual ao de Dilma.
O prato frio da vingança que o PT prepara para comer cru. Desta vez no papel de líder da oposição.
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