incentivo aos diversos setores produtivos, para reduzir o desemprego e
promover a retomada do crescimento econômico.
Destacou, entre suas principais medidas, o incentivo às iniciativas
público privadas, à indústria, comércio, serviços, agronegócio e
agricultura familiar, além do reequilíbrio das contas públicas. Além disso, enfatizou que vai manter e aprimorar programas sociais, como Bolsa
Família, Fies, Prouni, Pronatec e Minha Casa Minha Vida.
Também não esqueceu das reformas fundamentais, como a revisão do
pacto federativo, mencionando a necessidade de fazer a reforma
trabalhista e previdenciária para garantir pagamento dos aposentados e
gerar empregos. Foi um discurso para agradar a gregos e troianos. Menos, é lógico, aos petistas e seus aliados que deixaram a terra arrasada no rastro da saída do poder.
Nas entrelinhas de seu discurso, Temer dá a entender que vai exigir de seus ministros um esforço muito grande para superar os desafios postos à sua frente. Ele sabe que não pode errar e tem pouco tempo para tirar o país do buraco.
O problema é que, da propalada “salvação nacional”, Temer começou salvando apenas alguns empregos de seus pares e aliados. Diante disso, uma pergunta se impõe: será que todos os ministros de seu nascente governo pensarão no país ou estão mais interessados em se utilizar da máquina federal para pavimentar candidaturas aos governos estaduais, em 2018, cumprindo velhos figurinos familiares de poder?
Se for isso, é lamentável dizer que o presidente começou muito mal sua gestão, calcada no franciscano modelo do ” é dando que se recebe”. Um modelo frequentemente repudiado nas ruas em manifestações por mudanças reais – embora nas urnas o comportamento dos eleitores não seja exatamente nessa direção.
Caso confirme esses temores, Temer logo representará a mesma decepção que foi a gestão fracassada, impopular e corrupta de Dilma Rousseff. Há ministros seus que, claramente, nunca se preocuparam com o país e com os pobres, embora suas ações populistas tentem dizer o contrário.
O presidente revelou que é frágil às pressões internas de seu partido, o PMDB. Exemplo: ao apagar das luzes para fechar a equipe de seu ministério, cedeu à faca no pescoço que lhe foi exibida pela bancada no Senado, perdendo a queda de braço para Jader Barbalho, o ausente na votação do impeachment.
Mesmo sob a desculpa de que estava em tratamento médico – uma balela desmentida por quem o viu lépido e faceiro em Belém, dias atrás -, Jader apelou até para José Sarney, conseguindo emplacar o filho, Helder Barbalho, no Ministério da Integração Nacional.
O mesmo ministério que dá as cartas nessa quase morta ambulante chamada Sudam. A mesma que Jader transformou num monumental feudo onde só quem pagava propina tinha projeto aprovado.
Ironia do destino – se é que assim se pode chamar – é perguntar se Helder, na primeira reunião do Conselho Deliberativo da Sudam, usará da palavra para pedir perdão pelos males que seu pai causou à Sudam. Ao contrário, provavelmente será aplaudido por áulicos disponíveis à tapeação.
Mas, voltando ao Ministério da Integração, será que Helder terá o mesmo desempenho que teve no Ministério da Pesca e na Secretaria dos Portos, que tinha status de ministério? Se tiver, como contribuintes estaremos mais uma vez ferrados.
Sua única atuação dos dois órgãos foi aparecer todos os dias nas páginas do “Diário do Pará”, jornal do qual é um dos herdeiros, para fazer pirotecnia com o dinheiro público, elogiando a si próprio. Ganhou, como ganhará agora, manchetes diárias até 2018 – se resistir no cargo até lá. Ou se o Ministério Público Eleitoral continuar se fingindo de cego e surdo.
Helder, como a personagem dona Bela, aquela da Escolhinha do Professor Raimundo, “só pensa naquilo”. No caso, governar o Pará. Agora que a lei eleitoral proíbe o financiamento empresarial aberto de campanha política – por debaixo dos panos tudo continuará fluindo como a água de uma fonte mineral – o ministro da Integração terá avião, cartão corporativo, verbas à vontade, além de um monte de aspones, para percorrer todo o Pará em campanha eleitoral antecipada, como já fizera utilizando-se da estrutura da Pesca e dos Portos.
Pobre Brasil. Pobre Pará. Pobre povo. Temer terá de suportar as escolhas que fez e ser, mais adiante, responsabilizado por isso. Ele assim o quis, já que é parte integrante de um modelo superado de fazer política e nada poderá fazer, nessa área, para mudar o que o país exige. Afinal, é mais fácil mudar a rotação da Terra do que velhos hábitos, por mais execráveis que sejam.
Portanto, o presidente deve pagar o preço por suas escolhas. Até mesmo as que foram enfiadas por sua goela abaixo, na bacia de conveniências e pressões para exercer a tal governabilidade.
O blog estará atento aos passos de Helder. Como tem estado aos passos de Simão Jatene. Aliás, não esqueçamos que PMDB e PSDB, no plano nacional, agora são aliados e fiadores das mudanças prometidas por Temer.
A curiosidade é saber, no plano estadual, como será tal convivência. Se Jader e Jatene irão aparar as arestas e voltar às boas, relembrando os velhos tempos. Ou se Rômulo Maiorana Junior e Jader Filho, finalmente, deporão suas armas, se darão as mãos e trocarão fortes abraços, comemorando, momentaneamente, a salvação de seus negócios.
Não percam os próximos capítulos.
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