O clima está quente no Pará, e não apenas por conta do verão amazônico, que aliás está indo embora. O governador Helder Barbalho vive dias de tensão política e popular no final de 2024, com sua imagem sendo duramente criticada por servidores públicos, especialmente professores.
Enquanto em Belém policiais militares reprimiam violentamente um protesto em frente à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), em Santarém o governador era recebido sob vaias e gritos de “traidor da educação”, cercado por manifestantes com faixas e cartazes que denunciavam os cortes de direitos e salários promovidos por seu governo.
As imagens enviadas ao portal Ver-o-Fato mostram Helder Barbalho caminhando em uma avenida de Santarém, escoltado por policiais militares e assessores, enquanto manifestantes o hostilizavam publicamente. Os servidores não pouparam críticas, acusando o governador de trair a educação e sacrificar os trabalhadores para manter um projeto que beneficia apenas o Executivo e seus aliados.
Repressão e aprovação relâmpago na Alepa
O estopim do descontentamento é o polêmico Projeto de Lei 729, aprovado nesta quarta-feira (18) na Alepa por 38 votos favoráveis, com apenas 10 contrários. A votação foi marcada pela rapidez e pela ausência de qualquer discussão significativa, uma estratégia que os críticos apontam como uma manobra autoritária do governo para evitar o aprofundamento do debate.
O projeto une opositores de todos os espectros políticos, incluindo deputados de direita e esquerda, que deixaram de lado suas diferenças ideológicas para criticar a redução de direitos e salários dos servidores públicos, especialmente da educação. “É um ataque direto às conquistas históricas dos professores”, declarou um deputado da oposição.
Enquanto o projeto era aprovado a portas fechadas, a repressão policial em Belém reforçava a indignação dos manifestantes. Professores e servidores que tentavam se fazer ouvir em frente à Alepa foram duramente reprimidos pela Polícia Militar, com uso de cassetetes, spray de pimenta e balas de borracha, deixando alguns feridos. A violência gerou cenas de espancamento e caos, evidenciando o tratamento dado pelo governo aos trabalhadores que ousam se manifestar.
Helder sob pressão em todas as frentes
As manifestações em Belém e Santarém revelam um governador acuado, pressionado por críticas de servidores e pela opinião pública. Helder Barbalho, que até recentemente desfrutava de ampla aprovação popular, vê sua base de apoio estremecer em meio ao descontentamento generalizado.
A repressão aos protestos em Belém e a hostilidade em Santarém são sinais claros de que o desgaste político é real e crescente. A aprovação do Projeto de Lei 729, vista como uma vitória momentânea do governo na Alepa, pode se transformar em um passivo político difícil de reverter, especialmente com a união de uma oposição que reúne extremos ideológicos em uma causa comum.
“Traidor da educação”: um rótulo que pode colar
Os gritos de “traidor da educação” que ecoaram em Santarém podem se tornar o símbolo da crise que Helder Barbalho enfrenta. Professores, tradicionalmente uma das categorias mais organizadas e respeitadas, estão na linha de frente da mobilização contra o governo. O impacto dessa insatisfação, amplificada pelas imagens de violência policial em Belém, pode reverberar por todo o estado e além, atingindo a reputação de Barbalho em um momento crucial para sua carreira política.
Se Helder Barbalho pretendia encerrar o ano com estabilidade e governabilidade, os últimos dias de 2024 mostram o oposto. protestos e repressão policial que gera indignação e uma oposição fortalecida pela insatisfação popular. A vida política do governador, ao que parece, enfrentará muitos desafios em 2025. O Pará assiste, indignado, enquanto direitos e conquistas históricas são esmagados por cassetetes e aprovações relâmpago.
VEJA A MANIFESTAÇÃO