Um caso de violência em Itaúna (MG) chocou o país ao viralizar nas redes sociais no Dia da Consciência Negra (20 de novembro). Um homem negro, identificado como Djalma Rosa da Costa, de 45 anos, foi agredido por um homem branco, Ralf Vilaça, de 44 anos, que ofereceu R$ 10 para dar cintadas na vítima. O episódio, registrado em vídeo, ocorreu no dia 10 de novembro, mas só ganhou repercussão pública recentemente.
Os detalhes da agressão
O ato aconteceu em frente a um bar no centro de Itaúna, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Nas imagens, Vilaça justifica a agressão alegando que a vítima aceitou participar para receber o dinheiro e usar drogas. Ele afirma: “Quer usar droga, não quer trabalhar não? Dez reais e ele vai deixar eu dar duas lapadas”, antes de desferir três golpes de cinto nas costas de Djalma, sob risos de uma terceira pessoa que registrava a cena.
Durante o vídeo, Vilaça mistura falas desconexas sobre temas políticos, eleições e religião. Ele conclui a gravação dizendo: “Deus é mais”.
A investigação e prisão do agressor
A Polícia Militar tomou conhecimento do caso somente no dia 21 de novembro, quando o vídeo começou a circular nas redes. Ralf Vilaça foi localizado em Pará de Minas, cidade vizinha, e preso preventivamente após pedido da Polícia Civil, com aprovação da Justiça.
O delegado Leonardo Moreira Pio, responsável pelo caso, informou que o inquérito segue em andamento na Delegacia de Itaúna. O agressor pode responder por injúria racial e tortura, com pena que varia de 2 a 8 anos de prisão.
A condição da vítima
Inicialmente descrito como morador de rua, Djalma Rosa da Costa não vive em situação de vulnerabilidade, segundo a Prefeitura de Itaúna. Ele é acompanhado por familiares e realiza tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Após a divulgação do vídeo, Djalma compareceu à unidade de saúde e recebeu assistência multiprofissional.
A responsável legal pela vítima foi orientada a registrar boletim de ocorrência e tomar as medidas legais necessárias.
Repercussão e contexto racial
A agressão gerou indignação em todo o país, especialmente por ter vindo à tona no Dia da Consciência Negra. Maciel Lúcio, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial e Direitos Humanos da OAB de Divinópolis, classificou o ato como um crime de ódio com motivação racista:
“É inadmissível que situações como essa ainda ocorram no século XXI. Esse episódio reforça a necessidade de educação e conscientização sobre o racismo estrutural no Brasil.”
Além do agressor, a pessoa que filmou e compartilhou o vídeo também poderá responder judicialmente, segundo especialistas em direito.
A coletiva de imprensa agendada pelas autoridades locais para o dia 21 de novembro deve trazer mais esclarecimentos sobre o andamento do caso.
Com informações de G1 e UOL