Uma decisão judicial de imissão de posse em favor da fazenda Sapucaya provocou a maior confusão na noite da última sexta-feira, 03, em Tomé-Açu. A empresa Biopalma – Brasil Bio Fuels Reflorestamento, Indústria e Comércio S.A (BBF), por meio de sua advogada, Tamy Yamada, segundo as informações, teria se recusado a cumprir a ordem judicial. A estrada de acesso à fazenda foi bloqueada e uma discussão entre oficiais de Justiça e a defensora da empresa desencadeou até ameaças de prisão.
Vídeos enviados ao Ver-o-Fato mostram momentos de tensão entre as partes, com a advogada questionando termos da decisão, enquanto servidores do judiciário afirmavam que mandado judicial era para ser cumprido em nome da lei.
Segundo os donos da Sapucaya, ela atua como parte requerente em um processo, que busca retomar a posse das áreas de suas fazendas, cujos títulos de terra lhes pertencem em razão do descumprimento de um contrato. Entretanto, argumentam eles, “a mentira absurda, que está sendo levianamente espalhada, altera completamente a realidade do que está acontecendo. A BBF está usando os trabalhadores contra a fazenda, quando na realidade essa classe jamais esteve envolvida diretamente na ação. Além disso, não existe nenhuma intenção por parte da Sapucaya em querer prejudicar os funcionários”.
Eles informaram que, em vez de cumprir a decisão e recorrer contra ela, a advogada da BBF convocou os trabalhadores para descumprirem a ordem judicial. Conforme relatos dos próprios funcionários e em vídeos, eles declaram que foram forçados a fazer o protesto durante a diligência dos oficiais de justiça.
Para esclarecimento dos fatos, a decisão judicial “ determinou a devolução das propriedades à Sapucaya devido a rescisão contratual , decisão essa solicitada pela BBF em duas ocasiões”. De acordo com Cleton Jucá, diretor da Sapucaya, “em nenhum momento foi determinada a demissão dos 1.200 funcionários que atuam nas áreas em litígio. Não é a intenção dos sócios da Sapucaya atuar com tamanha desumanidade e colocar na rua homens e mulheres dignos, cidadãos de bem que lutam bravamente para sustentar suas famílias, em especial durante a crise em que vivemos. Agir de forma cruel para retirar-lhes os empregos que confere dignidade a essas pessoas, é uma das maiores mentiras proferidas pela BBF”, afirma Jucá.
Ele garante que as demissões pela Sapucaya não ocorrer e que pretende manter todos os empregados das áreas em litígio. Garantia já fornecida através de contato direto feito pelo próprio administrador com os trabalhadores. “Asseguramos que não são e jamais serão parte nesse processo judicial, mas sim meros expectadores utilizados de forma vil pela BBF como massa de manobra”, declarou o empresário.
Em nota oficial, a direção da fazenda esclarece: “o alegado terror supostamente iniciado pela Sapucaya quando da imissão da posse, em verdade partiu da empresa BBF, pois naquela ocasião os trabalhadores estavam atuando pacificamente. O que provocou resposta e temor, foi a incitação do pânico comandada pela própria BBF contra seus trabalhadores. Disparos não foram efetuados e nenhuma medida de violência partiu da Sapucaya. Os policiais que acompanhavam os oficiais de Justiça foram solicitados por estes, em razão de uma oficial grávida estar presente na operação”.
E mais: “a Sapucaya não pede nada além do que lhe pertence de direito, não provocou e nem promoveu nenhum ato de violência, e tampouco pretende mandar às ruas os dignos trabalhadores que desenvolvem suas profissões naquela área. A discussão não é contra esses cidadãos de bem, mas sim contra a empresa, que vem utilizando manobras jurídicas para tentar impedir a concretização da justiça. Por isso, aqui reafirmamos nosso compromisso público de manter cada trabalhador em seu emprego, e não desejamos que estes nos vejam como inimigos, mas como cidadãos conterrâneos que jamais iriam querer qualquer prejuízo para suas terras e sua gente”.
Segundo a nota, em decorrência “dessa postura intransigente e intimidatória por parte da BBF, foi registrado um Boletim de Ocorrência, como também aberto inquérito na Polícia Federal, contra o referido chefe da segurança, Assunção, e o chefe dos fiscais, Edinaldo, para apurar esse abuso contra os trabalhadores, em razão dos mesmos terem coagido os funcionários para que estivessem presentes durante a ação de imissão de posse, sob pena de serem demitidos por justa causa”.
O Ver-o-Fato não conseguiu contato com a BBF sobre a confusão ocorrida durante o cumprimento da ordem judicial. O espaço está aberto para a manifestação da empresa.
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