A Coreia do Sul não para de surpreender a indústria pop do Ocidente com seus produtos de agrado para as massas. Há o efervescente fenômeno musical do K-Pop com as “boy e girl bands”, houve o fenômeno cinematográfico Parasita (2019, de Bong Joon-ho, ganhador de quatro Oscar, inclusive Melhor Filme), o sucesso da Netflix Round 6 (no original, Squid Game), além do show musical The Masked Singer, que arrebatou audiências de televisão em diversos países, inclusive o Brasil.
Na semana passada, uma missão de empresas de audiovisual do país participou do MipTV, feira internacional de conteúdo e programação de TV que voltou a ser presencial, em Cannes, na França. Ali, as produções televisivas da Coreia do Sul já vêm desde o começo dos anos 2000 chamando a atenção dos mercados. Primeiro, com uma potente indústria de telenovelas; depois, vieram os chamados doramas, dramas coreanos, muito ofertados em plataformas de streaming. Agora, além dos K-Dramas, que ganharam uma sessão de apresentação durante o MipTV, houve destaque também para os formatos originais, os K-Formats.
Escoradas pela Kocca (Korean Creative Content Agency), a agência de fomento sul-coreana, sete produtoras de audiovisual daquele país apresentaram em Cannes as suas apostas em atrações, shows e formatos para exportação ou adaptação local. Das novidades, é possível ver como ideias relativamente simples, mas empacotadas de forma criativa, rendem produções capazes de capturar públicos de países e línguas diversas.
Pelas demos das atrações apresentadas no MipTV, percebem-se elementos comuns que qualificam as produções diante dos fortes concorrentes de outros mercados: personagens carismáticos, modo de atuação bem peculiar e com muita intensidade, muita expressividade e tudo com apurado rigor técnico.
Dos mesmos criadores do musical The Masked Singer, há o inacreditável reality show de confinamento Bloody Game (algo como Jogo Sangrento), apresentado como um jogo psicológico e de sobrevivência exibido pela TV pública da Coreia do Sul. No vídeo promocional da atração, os participantes de um reality show ao estilo Big Brother chegam à casa vendados e enfrentam tarefas assustadoras.
Ao melhor estilo do longa-metragem Parasita, à medida em que os participantes são eliminados, eles vão parar no porão da mansão e passam a desempenhar trabalhos manuais, como montagem de caixas de pizza. Num determinado momento do reality, os confinados do porão e os da superfície se enfrentam. Segundo a produtora, o reality foi exibido em um serviço de streaming sul-coreano e foi responsável pela conquista de novos assinantes
Até as séries documentais têm um ingrediente de espetáculo. Uma delas, Guardiães do Ecossistema, trata de questões referentes ao meio ambiente com um storytelling atrativo e sem morosidade. Outro formato já pronto para exportação, All by Myself tem título baseado no hit de Eric Carmen dos anos 1970. O reality tira jovens que moram com conforto com os pais por um mês. Nesse período, eles passam a ter de trabalhar para comprar seus próprios objetos que deixaram na casa dos progenitores.
Da mesma produtora do longa Parasita, a CJENM tem outro formato inusitado: Mama The Idol, reality que reúne mulheres que abandonaram a carreira artística por causa da maternidade e decidem voltar aos palcos. Há ainda The Wooing Choir, no qual homens ingressam em um coral em busca de amor.
Por fim, um formato da produtora Nextkey, Run Out, é a cara dos tempos atuais. Trata-se de um reality show todo baseado no uso do smartphone. Os participantes têm de realizar tarefas com o uso do celular e a regra é clara: se acabar a bateria do aparelho, o participante cai fora do jogo.
A volta de Round 6
Hwang Dong-hyuk, diretor de Round 6, sucesso mundial da Netflix, revelou no evento que prepara seu próximo longa, Killing Old People Club. O filme é inspirado na literatura de Umberto Eco – ele não especificou a obra. Para alegria dos fãs do seriado da Netflix, o diretor adiantou que está de volta à Coreia do Sul para escrever a segunda temporada de Round 6 para o serviço de streaming. A expectativa é que esteja pronto para exibição até o fim de 2024.
(AE)