Ninguém segura a fé do povo paraense em seu desejo de reverenciar Nossa Senhora de Nazaré, mesmo com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19.
Uma multidão, desde o final da tarde e começo desta noite de sábado, decidiu levar uma pequena imagem da santa, ornamentada por flores compradas em coletas entre populares pelas avenidas do centro da cidade até a área do Ver-o-Peso, já que não podiam chegar até a Catedral da Sé, fechada e sob isolamento.
Todos usavam máscaras e mantinham regular distância um do outro, seguindo orientação dos organizadores em um carro-som.
Os romeiros se reuniram na avenida Nazaré e, caminhando e cantando, subiram a Presidente Vargas, alcançando avenida Castilhos França. Este é o mesmo percurso que seria hoje feito tradicionalmente pela Trasladação.
A manifestação religiosa atípica – sem autorização da Igreja Católica – foi transmitida pelo Facebook na página do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. Milhares de internautas que não sabiam do ato religioso acompanharam a transmissão, deixando centenas de comentários.
A Trasladação, que antecede ao Círio de Nazaré, assim como a procissão de domingo foram canceladas pela Arquidiocese e pela diretoria do Círio para evitar aglomerações e risco de contágio dos devotos pelo novo coronavírus.
Á certa altura da romaria improvisada desta tarde-noite, um homem que se apresentou como Gabriel, ao microfone, disse que ele e um grupo de amigos tomaram a iniciativa de organizar a “trasladação”, pensando que não haveria a grande adesão que ocorreu.
“Amanhã, o mundo saberá que não será a pandemia do coronavírus que irá abalar nossa fé em homenagear Nossa Senhora de Nazaré”, afirmou Gabriel. Ele e os fiéis puxaram orações e cânticos exaltando a padroeira dos paraenses.
Por volta das 19 horas, a “Trasladação” foi encerrada. Detalhe: muitos fiéis manifestaram a vontade de realizar na manhã deste domingo, 11, um Círio de Nazaré, também “diferente”.
É a fé que supera limites e restrições.
Feliz Círio a todos.

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