Por Marcio Dolzan
Em setembro do ano passado, se alguém mencionasse Philippe Coutinho como um dos prováveis nomes do Brasil na Copa do Mundo do Catar, certamente seria alvo de olhares atravessados. Recém-recuperado de uma lesão no joelho que o afastou dos gramados por nove meses, à época o jogador tentava retomar seu futebol em um Barcelona em crise. Não conseguiu.
Hoje, seis meses depois, tudo mudou em sua carreira. Em alta depois que se transferiu para o futebol inglês e contando com a confiança do técnico Tite, o agora meia do Aston Villa voltou a ser figura frequente nas convocações e tem tudo para disputar seu segundo Mundial.
Um dos principais jogadores do Brasil no ciclo que culminou com a Copa do Mundo da Rússia, Philippe Coutinho tinha idade, futebol e admiração junto à comissão técnica para manter status neste ciclo para o Catar. Mas duas coisas inesperadas e que surgiram ao mesmo tempo atrapalharam os planos: a pandemia e uma grave lesão no joelho esquerdo.
O meia machucou o joelho esquerdo em 29 de dezembro de 2020, em partida do Barcelona contra o Eibar, pelo Campeonato Espanhol. A contusão custou três intervenções cirúrgicas e uma parada forçada de quase nove meses. No período, ele ficou fora de jogos das Eliminatórias e do grupo que foi vice-campeão da Copa América.
O longo período de inatividade também fez Coutinho perder espaço no Barcelona, que vivia crise técnica. Nos três meses em que pôde atuar, jogou 16 partidas pelo clube catalão, mas apenas cinco como titular. Foi autor de dois gols.
Emprestado ao Aston Villa, da Inglaterra, o meia ganhou ritmo e recuperou status. Por lá, já marcou quatro gols em dez jogos nestes primeiros meses de 2022. O principal, porém, foi voltar a chamar a atenção da comissão técnica da seleção. Presente nas três últimas listas de Tite, Philippe Coutinho esteve em campo nos três últimos jogos da seleção e marcou dois gols. O mais recente foi de pênalti, na quinta-feira passada, no Maracanã, quando Neymar, o batedor oficial, deixou que o ex-vascaíno fizesse a cobrança no estádio que ajudou a alavancar sua carreira.
“Isso só demonstra a união do grupo. Esse gesto do Neymar demonstra a grandeza dele, que está aí para igualar ou passar os grandes jogadores na artilharia – e ele é o batedor. É um gesto grandioso dele. Eu o agradeci no campo”, disse Coutinho após a partida.
Neymar também exaltou o retorno, e o gol, do companheiro de seleção. “O Couto é um grande amigo que tenho no futebol. A gente está na seleção junto desde pequeno. Eu fiz pelo momento do jogo”, afirmou o atacante, sobre o fato de ter deixado Coutinho efetuar a cobrança. “Acho que o companheirismo nesses momentos tem de existir, e a felicidade dele fazendo o gol é a mesma como se eu tivesse feito. Eu fico contente por ele ter feito o gol.”
Com as suspensões de Neymar e de Vinicius Jr para esta última partida pelas Eliminatórias, diante da Bolívia, Philippe Coutinho voltará a ser titular da seleção. E, apesar da altitude de 3,6 mil metros de La Paz, a expectativa é que ele repita a atuação dos pouco mais de 30 minutos em que esteve em campo no Maracanã.
“(Tite) pediu para movimentar. Ele sempre deixa a gente, que joga nessa posição aí, livre para movimentar, tocar na bola, também dar opção para o pessoal que está atrás. Foi isso que tentei fazer (contra o Chile)”, comentou Coutinho.
Um bom desempenho na Bolívia pode deixar o jogador ainda mais perto de sua segunda Copa do Mundo. Até outubro, quando será anunciada a lista final, outras duas convocações serão feitas pela comissão técnica da seleção. Ninguém duvida que Coutinho esteja em todas elas. O Brasil espera conseguir fazer alguns amistosos depois das Eliminatórias.
(AE)